Questionado pelos filhos sobre as origens do Natal, Marx dava sua versão. Tratava-se do nascimento de um pobre carpinteiro que seria assassinado pelos ricos na idade adulta.
Mas não eram as convicções materialistas dos Marx que os impedia de participar do clima festivo. Era a costumeira penúria, mesmo. É verdade que já se tratava de uma festa tomada pela lógica da mercadoria. Mas Jenny e Karl sabiam reconhecer e respeitar o apelo natalino sobre suas crianças.
Em 1849, chegando a Londres, os Marx se depararam com as vitrines cheias de brinquedos, tecidos e joias. E os empórios exibiam muitas delícias e guloseimas.
Mas somente em 1853, a família teve condições financeiras para comemorar o Natal. Contando com a ajuda de amigos, a decoração teve até árvore. Entre os presentes distribuídos às crianças, bonecas, um tambor, panelinhas e armas de brinquedo.
Para os adultos, muito bebida e comida. Um vinho trazido por Engels só foi revelar sua péssima qualidade no dia seguinte. A ressaca atingiu até as crianças.
De fato, Marx dizia tolerar o Natal porque "nos ensinou a cultuar uma criança". E ele realmente as adorava. Queria-as sempre por perto e não aceitava separá-las dos adultos. Não porque elas tivessem o que aprender com eles, dizia, mas exatamente o contrário.
A figura do Papai Noel só se tornaria conhecida muito tempo depois. Se vivesse no século 20, é possível que Marx aceitasse, pelo menos, usar a toca vermelha do velhinho para agradar seus filhos.