É desmoralizante. Abominável.
Repete os argumentos com que Fernando Henrique Cardoso (FHC) justificava a privataria em seu mandarinato: obter recursos de caixa para aliviar pagamento da dívida. Entregou segmentos estratégicos, com financiamento do BNDES, e a dívida subiu de 60 para 600 bilhões.
E, mais grave, Dilma pode repetir a ação criminosa, invadindo um setor que o próprio FHC não teve coragem de tocar. E, mais grave ainda, já anuncia o leilão desqualificando o objeto em venda. De que saneamento a Caixa necessita? Por acaso sua situação absolutamente estável e próspera se deve a alguma manobra contábil, "embelezadora" de balanços?
E o que diz a isso a cúpula do "neoPT", pródiga na produção de resoluções supostamente incisivas na afirmação de uma linha soberana e progressista em relação ao governo? Vai defender o que trai o escrito? Vai arranjar alguma justificativa para essa escandalosa traição de princípios? Ou vai mostrar um mínimo de dignidade organizando uma mobilização de resistência contra essa covardia?
O que parece não se dar conta a já enfraquecida recém-eleita presidente é que a operação desestabilizadora, contra ela, não vai se interromper a despeito de todas as rendições incondicionais do ponto de vista programático. A operação é política. Visa varrer o "neoPT" em 2018, se até lá não for possível repetir o que foi feito contra Lugo no Paraguai. Como o antecessor do país vizinho, ela vai constatar que não adianta fazer o jogo da direita. Quanto mais ceder, mais essa direita se considerará com força para arrancar de suas mãos a chave do cofre que guarda o botim.
Revisão: Sturt Silva.