Demasiadas vezes o negro que sai do supermercado acaba morrendo numha história atemporal, que se desenvolve há quarenta, trinta, vinte, dez anos, ou hoje mesmo. Umha história constante a travês das décadas.
O negro é pobre, marginal, e com tendência a incorrer em práticas delituosas. Nom trabalha, deambula polas ruas sem rumbo aparente. Vive das ajudas sociais e de cartos obtidos ilegalmente. É molesto. Porque os Estados Unidos som umha naçom branca, cristá e anglo-saxona. O negro, o latino, o chinês, som convidados. Convidados que se comportam mal, que som conflitivos, que nom dam encaixado.
E a polícia, nom gosta dos negros. Nom gosta desse negro varom de entre quinze e cinqüenta anos. É lacaçám e brigom. Violento muitas vezes. O polícia branco odia-o por genética, porque cresceu na hostilidade contra os negros. O polícia negro, vê no negro umha ameaça. O negro para o polícia negro, representa aquilo que deixou atrás um dia e ao que nom quer voltar. O polícia negro é um negro integrado e odia a gente negra, da que acha que se sente cómoda na sua marginalidade, instalada no vitimismo.
O polícia negro e o polícia branco, disparam sem perguntar ao negro que sai do supermercado. Nom importa demasiado se há motivos para disparar ou nom. Disparam-lhe ou espancam-no até a morte.
Esta constante histórica apenas se rompe quando os negros que som candidatos a ser acrivilhados a balaços à porta do supermercado umha tarde qualquer, se negam a continuar interpretando essa cena e saim à rua zangados com as suas famílias os seus amigos e vizinhos. Só entom, o negro marginalizado, às vezes sem sabê-lo, deixa de ser vítima para se converter na esperança da revoluçom dentro do coraçom do império.