Para ele, os membros desse setor social são apenas os já conhecidos trabalhadores precarizados. Pessoas que foram incorporadas ao mercado de trabalho em funções pouco qualificadas e mal pagas.
Entre os estudos publicados pelo sociólogo potiguar está "A ralé brasileira", de 2009. O livro reúne artigos de diversos pesquisadores. São estudos de caso feitos sob coordenação de Souza, envolvendo uma parte da população fortemente afetada pela histórica e extrema desigualdade social do País.
Na obra, o sociólogo define "ralé" como "a classe, que compõe cerca de 1/3 da população brasileira", condenada a ser apenas "corpo mal pago e explorado". Por isso, objetivamente desprezada e não reconhecida por todas as outras classes que compõem a sociedade.
Um dos capítulos trata da "miséria do amor dos pobres", abordagem que raramente aparece em análises sociológicas. Mas é apenas mais um dos estudos com que o livro procura superar o "economicismo" sociológico. Um mal que, segundo seu organizador, domina as ciências sociais atualmente. Vício de que não escapariam tanto os cientistas liberais, como um certo marxismo pouco criativo.
Pode-se concordar ou não com as principais teses apresentadas pelo livro. Mas não há como negar a importância do desafio que propõe. Não há conhecimento crítico da realidade social sem abordar a subjetividade dos explorados e humilhados. Não haverá transformação social sem respeitar o que vai na alma e na mente daqueles a quem mais interessa o fim da atual ordem desigual e opressora.