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Ramiro Vidal

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A república do verbo

Mais sobre a “Operación Zeta”: mentiras e manobras de despiste

Ramiro Vidal - Publicado: Sexta, 14 Novembro 2014 09:32

O Presidente saca peito de novo: "Eu nom tenho nem terei nunca um intermediário, jamais vou permitir que falem no meu nome". Bravuconada estéril e váqua típica de Feijó. Ele di que nom permite que falem no seu nome, mas renúncia a falar com voz própria no único foro que lhe dá a oportunidade de fazê-lo sempre que quixer, que é o Parlamento Galego. Nom apenas é um foro que lhe oferece umha tribuna excepcional, na que defender-se das críticas e na que esclarecer qualquer sombra de dúvida sobre a sua honorabilidade, mas também deveria ser a sua prioridade comparecer aí e dar explicaçons aí, já que é o foro no que reside a soberania popular, onde estám os representantes desse povo perante o que deve responder.


Já vivemos esta situaçom noutros momentos, ainda está fresco o “caso Dorado”. Esse caso salpicava de umha maneira direta ao Presidente, mas o Presidente além de negar qualquer relaçom com o narcotraficante Marcial Dorado, nunca mostrou os contratos com aquela empresa do capo galego, mediante os quais esta fornecia de combustível às dependências do Sergas. Os papeis que o iam incriminar ou absolver ainda nom os puido examinar o Parlamento.

Agora o Presidente esgrime o estandarte da sua dignidade mais umha vez, contradizendo as suas palavras com os seus factos, pois votou em contra de umha sessom plenária monográfica para dar explicaçons acerca da sua relaçom com Pachi Lucas, o empresário que conetava a trama encabeçada por Gerardo Crespo com o executivo que preside Feijó. Dom Alberto prefere dar explicaçons noutros lugares; concretamente algumhas televisons madrilenas, nem sequer podemos dizer que na TVG se prodigue muito.

Por seu turno, está o controvertido informe do Conselho de Contas que só pretende sair ao passo de maneira bastante deficiente do mais do que previssível chaparrom político e sindical. Tal informe, difumina, dispersa e iguala...mais ou menos vem dizendo que “em todas partes cozem favas” (pois sim; favas e favalhons também) que a organizaçom de cursos de formaçom fraudulentos era prática demasiado habitual e comum em todo tipo de entidades beneficiárias dos subsídios, e que o sistema, em definitivo, era um desastre (isso já o sabia eu; quanto cobra um membro do Conselho de Contas?)

O sistema tem que desaparecer, evidentemente; é ineficaz se do que se trata é de insertar laboralmente à populaçom desempregada. Nom há mecanismos de seguimento, nom se fai nada para que as empresas que acolhem os utentes dos cursos em práticas adquiram compromissos (exemplo; obrigaçom de contratar depois?) nom se auditam resultados...nom se controla o que de verdade há que controlar. Mas é umha poça de corruçom também e foi, durante muito tempo, um invento para subornar aos sindicatos, para manté-los integrados no tinglado enquanto durou a bonança económica.

Mas nom todo o mundo é corruto ao mesmo nível aquí, nem se podem equiparar casos de relaxaçom de controlo administrativo, como o da justificaçom das dietas de deslocamento, com a oferta de cursos que nom se celebram, a falsificaçom de atas de assistência e solicitudes, suplantaçom de personalidades, e, em qualquer caso, com a expediçom de todo um código de artimanhas para conservar e continuar captando subsídios. Isso de difuminar e repartir culpas taciturna e cinicamente, é umha maneira bastante burda de eludir a mais do que exigível assunçom de responsabilidades. Desde logo que, quem tenha dado cartos a Azeta.net e outros chiringuitos defraudadores, está enmerdado. O que nom dilui para nada a responsabilidade do senhor Feijó. Nem a de nengum cargo público que se tenha fotografado com Pachi Lucas ou Gerardo Crespo.

Como já dixem, aquí o negócio nom está nos seis euros (de misséria) ao dia que lhe dam ao utente de um curso por assistir a cada aula: aquí o negócio está no dinheiro que recebem as entidades organizadoras dos cursos e as empresas que acolhem aos utentes em práticas. Quem recebeu subsídios indevidos? Quem os concedeu? Essa é a questom. Que se investigue isso e que se determinem responsabilidades concretas. A atribuçom de responsabilidades nom pode ser “a partes iguais”.

E polo demais, eu continuo a exigir que se desmantele este sistema de políticas de (pretensa) promoçom da inserçom laboral, porque é umha fraude à classe trabalhadora.


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