O quase empate da última eleição é apenas a confirmação de um decréscimo permanente na diferença de votos entre a vitória do PT em 2002 sobre os tucanos e o sufoco crescente sobre o neoPT, nas eleições seguintes. Pelo desenho da curva, 2018 é vitória certa da direita, a serem mantidos os parâmetros da "governabilidade possível" em que o lulo-pragmatismo se atolou, nas alianças espúrias mantidas apenas no plano do legislativo.
Para que a direita mais reacionária não retorne ao poder, é fundamental que o neoPT retorne ao PT. Que busque resgatar a credibilidade de partido de mudança, sem permitir que um candidato do grande capital ouse se apropriar do conceito, como fez Aécio neste último embate.
Eduardo Cunha já sinalizou. Como presidente da Câmara, brecará avanços concretos na reforma política anunciada, assim como em qualquer discussão sobre regulamentação da mídia que opera sobre concessão de direito público - canais de rádio e TV (porque é bom reiterar: a Globo é proprietária do Projac e das sedes das rádios. Mas não é proprietária do que ali se produz).
Imaginemos, então, qualquer tentativa de reforma tributária progressiva, que termine com os atuais privilégios dos maganos da especulação financeira...
Aposto na ascensão de Miguel Rosseto. Espero que ele traga consigo outro nome fundamental, com quem Dilma começou a se projetar nacionalmente - Olívio Dutra, gaúcho da melhor cepa, combatente firme das causas mais avançadas, para que um processo de concreta democratização da sociedade se afirme ininterruptamente.
Que não se acovarde, portanto, o governo Dilma diante das ameaças do "mercado, superestimado em suas possibilidades desestabilizadoras da ordem institucional. Que o trate como o espaço onde só os reais investidores mereçam algum respeito, e com total rejeição às piranhas do crime organizado na especulação financeira. Com isso, terá, como teve Evo na Bolívia, Rafael Correa no Equador, Mujica no Uruguai, e até Cristina Kirchner, na sua luta contra o Clarin, vitoriosa, na Argentina, a base de resistência capaz de superar as armadilhas que seus supostos "aliados" na "base" sem consistência ideológica vão lhe armar no Congresso.
Sem isso, será a oposição reacionária, pela direita, e a oposição combativa, pela esquerda.