Quando tu, que falas espanhol e alardeias de renegar da língua galega, te encontres frente com frente com alguém que utiliza a língua galega de maneira conseqüente, evita os seguintes comentários, a nom ser que procures que o teu interlocutor te desmascare como um estulto, alienado e néscio.
1º.- E tu porquê falas em galego?
Tu perguntas a umha pessoa galega por que fala NA GALIZA a única língua que o ordenamento jurídico espanhol reconhece como PRÓPRIA DA GALIZA? Pois ainda bem que o inteligente eras tu...
2º.- Eu gosto do galego, mas do galego bem falado
Ninguém vai gostar mais do galego corretamente falado (e falá-lo bem nom é assim tam simples) do que umha pessoa que decide ser galego-falante porque estima o idioma e porque o considera um ativo que reforça os nossos laços como povo. Ora bem, qual é o galego bem falado? Todos cometemos algumha incorreçom, mas o que mais dano fai ao idioma é nom utilizá-lo. Aliás, a maioria dos espanhol-falantes na Galiza falam um espanhol penoso e nom nos pomos a contar os erros que cometem falando e escrevendo.
3º.- Eu gosto do galego, mas sem imposiçons. O galego autêntico que falam na aldeia.
É curioso que digas isto quando costumas desprezar a toda aquela pessoa que na sua fala tem traços dialetais, como o rotacismo, a gheada ou o sesseio. Polo geral entende-se no discurso galegófobo o “galego bem falado” como o “galego sem sotaque” e com ausência total de traços dialetais. A aldeia, contraditoriamente, é esse lugar ideal onde nasce o mito daquele galego “livre e espontáneo”, carente de regras...Di claramente que o que nom queres é aprender galego e deixa de escudar-te na aldeia, onde gramaticalmente falam o melhor galego, porque lhes sai de maneira natural, ainda que lexicalmente cometam incorreçons ou falem com esses traços dialetais que os afastam do “galego bem falado”.
4º.- Eu gosto do galego, mas sem imposiçons. Sobram leis que regulem o seu uso e sobram normativas
Com absoluta certeza nom te atreverás a plantejar o mesmo para o espanhol, de facto costumas-te escudar em que “estamos na Espanha” para nom utilizar outra língua do que o espanhol, e para defender a pretensa obriga de quem nom o fala a apreendê-lo. Ou seja, no fundo sabes bem que as línguas imponhem-se. Os galego-falantes para poder exercer o nosso direito a utilizar o galego e ter garantias de que esse direito se respeitará, necessitamos um marco legal e um marco científico. Como acontece com qualquer língua. Haveria que ver se o espanhol, o inglês ou o francês chegariam aos níveis de uso de hoje, se os projetos nacionais que os tomarom como próprios se despreocupassem dessas questons.
5º.- Eu defendia a língua galega, até que chegarom os nacionalistas e a seqüestrarom
Lógico que quem defende o conceito de Galiza como naçom defenda o galego como língua nacional. Se calhar, precisamente os teus posicionamentos políticos também tenhem a ver com a tua atitude cara a língua. Costuma coincidir.
6º.- Com o galego nom se vai a parte nengumha
Para começar, a língua é umha viatura de comunicaçom social entre umha comunidade humana; o principal é que a minha língua me serva para fazer-me entender entre a minha contorna, e a esse nível, se existe vontade de conservar a língua nessa sociedade, umha língua pode ser efectivíssima. Nom me tem porquê valer para falar com gente de sítios aos que nunca vou ir. Claro que, se temos em conta que o galego, segundo fontes nom reintegracionistas, tem um 90% de coincidência em léxico com o português, ao melhor nom é tam certo isso de que “nom se vai a parte nengumha” com ele. Por enquanto inclusso gente habitualmente espanhol-falante utiliza-o para se fazer entender em Portugal. Por algum motivo será. Até pode que seja porque os reitegracionistas tenhamos razom e realmente haja umha língua onde alguns dim que há duas.
7º.- O galego e o português forom a mesma língua, mas um dia separarom-se
De facto, hás de saber tu a data, hora e lugar exatos nos que alguém decideu que se fazia essa separaçom. Nom cabe dúvida de que Deus marcou umha raia com a sua espada e advertiu ao povo galego e ao português que nom ousassem falar igual nem dizer que falavam igual. Seria condenado aos infernos o habitante da Galiza que utilizasse zedilhas e eneagás. Pecado mortal os acentos circunflexos. Brincadeiras à parte, o que houvo é umha dialetalizaçom da língua do Minho para o Norte e a conformaçom de umha norma culta do Minho para o Sul. E ainda assim, continua a haver quem pensa que se trata da mesma língua...
8º.- O galego é umha língua de pailans
Se ser pailam é ser da aldeia numha grande medida a afirmaçom será certa, ainda que muito olho com esses pailans que estudando num sistema onde o galego brilhava pola sua ausência ou era anedótico, conseguirom ter estudos superiores e mesmo cursos universitários...estudando em espanhol, assistindo a aulas em espanhol e desenvolvendo-se em cidades longe dos seus lugares de origem...e nalgum caso, ainda assim, conservando a sua língua materna!!! Essa capazidade já a quixeram para si muitos “urbanitas”. Ao melhor o que há é que revisar a conotaçom pejorativa de pailam...
9º.- Se eu te falo em espanhol, deves responder-me em espanhol
A nom ser que nom me percebas, e normalmente quem mora cá percebe o galego, nom vou mudar de língua, ou é que tens complexo de Scarlett O' Hara? Falando nisso, sabes que o que nom sabe ignora, e que o que ignora é um ignorante. Continuas a pensar que o inteligente és tu?
10º.- Imponhem-nos o galego, dentro de pouco há de ser proibido falar espanhol.
Sem dúvida, com meios de comunicaçom monolíngues em galego, empresas que nom oferecem nem de brincadeira os seus serviços em espanhol, com umha língua espanhola desprestigiada, com a transmissom intergeracional do espanhol totalmente cortada, sendo impossível inserir-te no mundo laboral se utilizares o espanhol, e até acreditar conhecimentos de espanhol pontua em negativo!!!...ah, desculpa, com razom dim que discutir com parvos torna-te parvo...dá-se a circunstáncia de que é ao contrário... quem oprime e quem é o oprimido?
Enfim...levai em conta que os vossos argumentos resultam cansativos por repetitivos e francamente pobres. Andade com olho e nom metades a zoca.