Romper com essa falsa ideia de progresso via acúmulo de bens materiais é um dos primeiros e mais importantes passos a ser dado para a reconstrução da sociedade em torno de outros valores.
“Dentro” desses outros valores, necessariamente, deve estar contida a noção precípua de que crescimento econômico é sempre insustentável; de que crescer implica sempre menos meio ambiente; e de que, finalmente, a economia é um subsistema da natureza – um sistema aberto dentro do ecossistema.
Reconstruir a sociedade dentro de outros valores passa também por entender que o nível de produção e consumo atual do mundo é insustentável e precisa ser reduzido, uma vez que desde que a sociedade de consumo se instalou no mundo ocidental a partir do industrialismo, possibilitando, assim, que o consumo total da economia humana excedesse a capacidade de reprodução material e assimilação de rejeitos da ecosfera, a crise ambiental, “típico produto” desse excesso, evidenciou, desde então, que o sistema não pode incorporar a todos no universo de consumo em função da finitude dos sistemas naturais.
Enquanto a megamáquina econômica continuar crescendo, absorvendo cada vez mais recursos e gerando, por conta disso, destruição ambiental e poluição, continuaremos assistindo as extinções de fauna e flora alcançarem ritmos jamais vistos ao longo da história da humanidade.
É por isso que urge recusarmos enfaticamente o dogma da teoria econômica ocidental que defende o crescimento como alternativa primeira à condição de se alcançar prosperidade. É por isso ainda que devemos enveredar esforços para reencaixar as atividades econômicas dentro dos limites dos ecossistemas, buscando atingir políticas de sustentabilidade.
Estejamos certos de que a vitalidade da Terra e o futuro da espécie humana só serão garantidos se conseguirmos conferir-lhes sustentabilidade. Caso contrário, como está bem apontado na obra “Sustentabilidade – O que é, o que não é”, de Leonardo Boff, poderemos ir de encontro à escuridão.