As maiores vítimas continuam a ser os jovens pobres e pretos. Mas a situação geral é "epidêmica e em expansão", diz o sociólogo. São 100 homicídios por 100 mil habitantes. Dez vezes acima dos níveis considerados normais.
Outro dado espantoso diz respeito aos suicídios. Segundo o Waselfisz, as mortes voluntárias tendem a aumentar em países com melhores índices sociais, enquanto os homicídios caem. No Brasil, ambos crescem. O índice de suicídios é igual ao de países como Japão, França e países escandinavos: 30 por 100 mil habitantes.
O estudioso fala em "racismo institucional". Segundo ele, as instituições que deveriam priorizar o atendimento e a proteção dos "setores vulneráveis" fazem o contrário. Ignoram leis como Maria da Penha, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o da Igualdade Racial. Responsabilizam as vítimas, culpando "o negro da favela, o negro do crack ou a mulher que provocou o homem".
Ao mesmo tempo, surgem "milícias dentro dos aparelhos de segurança". Grupos de vingadores cujas ações têm alvo definido. Quase sempre os negros moradores de bairros pobres.
Todo este aparato judiciário e policial vem agindo impunemente há séculos. Mas acaba de receber enorme reforço com a organização da Copa do Mundo. Ampliou, inclusive, suas atuação na repressão política. Nossos pêsames ao