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Ramiro Vidal

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A república do verbo

Palestina livre, causa obrigatória

Ramiro Vidal - Publicado: Segunda, 14 Julho 2014 10:53

Para que conceitos como paz, justiça ou direitos humanos nom perdam o seu sentido, estamos obrigados a nos mobilizar pola Palestina livre. Se nom for possível fazer umha mobilizaçom ou ato de protesto antes, desde logo que no Vinte e cinco de Julho deve haver um recordo especial para essa terra e essa gente.


Palestina tem que ser livre, tem que deixar de ser notícia porque os seus filhos e filhas se auto-inmolam nos postos fronteirizos ante os soldados israelís, tem que deixar de ser notícia porque crianças morrem sob fogo invasor, tem que deixar de ser notícia porque o governo do estado sionista ergue mais um assentamento judeu em território palestiniano.

A liberdade para o povo palestiniano começa por ter estado próprio e reconhecido nos foros internacionais. Sem que ninguém mais do que o próprio povo palestiniano poida dizer nada nem intervir quando esse povo escolha quem o representa e quem o governa. Sobram juízos de valor sobre se tal organizaçom política é mais reacionária ou mais revolucionária, sobre se som terroristas, sobre se som radicais ou moderados...isso todo sobra.

Nom pode haver pretextos para continuar com a guerra sustentada de extermínio que está a transcorrer contra o povo palestiniano. Nom pode haver argumentos para negar-lhe a um povo o seu direito a existir, a conservar a sua territorialidade e organizar a sua sociedade, a sua economia e as suas instituçons. Tenhem que deter-se as incursons militares nos territórios ocupados, tem que cessar o bloqueio das fronteiras dos territórios palestinianos com os estados vizinhos, tem que acabar o atranco ao passo de pessoas e mercadorias por essas fronteiras e debe finalizar a política de expansom israelí fomentando assentamentos judeus em terra palestiniana.

O “terrorismo” ou o pretenso fundamentalismo religioso do adversário som apenas preconceitos que nas maos da propaganda pró-israelí se tornam em armas em favor do racismo sionista . Quê direito tem nengum estado ou a comunidade internacional inteira a negar-lhe a autodeterminaçom a um povo em base a tais juízos de valor? Temos direito a intervir na casa do vizinho em base ao bem ou o mal que nos parecer como se organiza ou como age? Temos direito a negar-lhe a sua soberania?

Há que deixar de reproduzir o relato que acompanha a todas as agressons contra a Palestina.A raíz real do que acontece em Gaza a estas horas, nom é o seqüestro de uns estudantes israelís e o seu posterior assassinato; a raíz do que está a acontecer é que o estado de Israel quer aniquilar o povo palestiniano. As açons de auto-defesa das organizaçons patrióticas palestinianas, retroalimentam o relato da “democracia israelí ameaçada polos fanáticos”. A realidade é que o povo palestiniano deseja a sua autodeterminaçom sem distinçom de credos religiosos e sem distinçom de ideologias. É um povo que desde a sua pluralidade clama pola independência da pátria palestiniana, e nom há mais. O resto som parcialidades elevadas a verdades absolutas, retalhos de realidade furtados de contexto para relêr as cousas segundo interesse próprio.

A única verdade é que umha de duas: ou há um só estado, onde indivíduos árabes e judeus sejam iguais de pleno direito ou há dous estados; o atual estado de Israel e o estado palestiniano...o resto, som manobras de distraçom. A soluçom mais realista seria a segunda. Se essa soluçom se implementar, deveriamos entender que só o povo palestiniano deve decidir que forma de estado quer. Estado aconfissional? República islámica? Socialismo ou capitalismo? Som decisons que só ao povo palestiniano correspondem...

A democracia, a justiça, os direitos humanos, consistem nisso...de facto, como mínimo, consistem nisso: no desenvolvimento pacífico de umha sociedade sem a constante ameaça das repressálias externas, em poder estabelecer as suas normas de convivência sem nengum condicionante, em poder desenvolver a sua economia e as suas instituçons sem nengumha intervençom alheia. Injusta é a fame que gera o bloqueio aos territórios palestinianos, injustas som as humilhaçons aos membros da classe trabalhadora que se desloca fora dos territórios a trabalhar passando polos postos fronteirizos, injusto é que gente morra por doenças e problemas de saúde facilmente solucionáveis por falta de tecnologia médica e medicamentos que nom podem passar as fronteiras ou por retençons arbitrárias às ambuláncias...isso todo fai parte da guerra de extermínio na mesma medida que os bombardeamentos.

Esta é umha questom de justiça e dignidade, o mundo nom pode permanecer cúmplice a este extermínio a plena luz do dia, e retransmitido práticamente ao vivo. O caso de Palestina é umha vergonha mundial.


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