Tudo começou com o sequestro e a morte de três jovens israelenses na Faixa de Gaza, semanas atrás. O governo de Israel atribuiu o crime ao Hamas, grupo político que governa a Faixa de Gaza e que negou publicamente sua responsabilidade nos assassinatos. Dias depois, em represália, um jovem palestino foi incendiado vivo por israelenses de extrema-direita. Daí em diante, a violência por parte de Israel só aumentou.
É claro que Israel não está “se defendendo”, como alega o governo sionista de Netanyahu e Peres. Na verdade, Israel está defendendo os assentamentos ilegais que mantém na Faixa de Gaza, uma forma de apossar-se de territórios hoje controlados pelos palestinos. Não é a primeira vez que isso acontece. Gaza é alvo frequente de investidas militares. A pior delas, no final de 2008 e início de 2009, deixou mais de 1,4 mil palestinos mortos. Do lado israelense, as baixas foram de apenas treze pessoas, dez delas soldados.
Além disso, a violência de Israel é absolutamente desproporcional. Dezenas de palestinos morreram nas últimas horas, atingidos por bombardeios israelenses. Enquanto isso, não há registro de que os temidos “mísseis do Hamas” tenham acertado um único alvo israelense. A comunidade internacional, por sua vez, assiste ao massacre de braços cruzados. Com exceção de algumas poucas declarações mais enérgicas, como a do presidente russo, Vladimir Putin, as manifestações da maioria dos governos foram no sentido de clamar pelo "fim do conflito entre Israel e o Hamas". A questão é que não há conflito! O que está em curso é um massacre!
O governo israelense incentiva o ódio e a intolerância. Como destaca Chemi Shalev, em artigo publicado no jornal israelense Haaretz, em apenas 24 horas, uma página do Facebook convocando “revanche” pelos assassinatos dos três garotos sequestrados recebeu dezenas de milhares de curtidas, e encheu-se de apelos explícitos para matar árabes, onde quer que estejam. Centenas de israelenses postaram fotos na internet com mensagens de ódio e apoio à ofensiva do exército israelense.
Israel afunda-se no racismo e na intolerância. O Hamas é retratado pela imprensa internacional como um grupo “radical” e não como organização política que conquistou nas urnas o direito de governar a Faixa de Gaza. Os governos das grandes potências, aliados de Tel Aviv, apelam inutilmente pelo fim das “hostilidades”. Os organismos multilaterais, controlados por essas mesmas potências, nada fazem além de criticar a escala “desproporcional” da ação militar de Israel.
O que fazer, portanto, para parar o massacre promovido por Israel? Primeiro, é preciso reforçar toda a solidariedade à causa palestina. Segundo, condenar de todas as formas possíveis a violência contra civis inocentes por parte de Israel.
Por fim, cobrar que os governos rompam qualquer forma de cooperação militar com o governo israelense, ao mesmo tempo em que se manifestem diante dos organismos internacionais contra o massacre, convocando seus embaixadores e propondo sanções, tal como feito em relação à Síria, recentemente. Só assim o Estado de Israel poderá compreender que sua violência não ficará impune mais uma vez.