Waiselfisz coordena a Área de Estudos da Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências. Segundo ele, entre 2002 e 2012, o número de homicídios de jovens brancos caiu 32,3% e o dos jovens negros aumentou 32,4%.
É costume dizer que os números da violência no Brasil são semelhantes aos de países em guerra civil. Mas boa parte das baixas desse conflito interno é causada pela violência estatal. Principalmente, por ações policiais ilegais e movidas pelo ódio aos pobre e pretos.
O Partido dos Panteras Negras surgiu nos anos 1960, nos Estados Unidos, como reação a algo parecido. Seus membros consideravam a polícia como uma força invasora dentro das comunidades negras. Por isso, defendiam que se reagisse a elas do mesmo modo que os camponeses vietnamitas combatiam as tropas imperialistas americanas. De armas na mão.
Há grandes diferenças entre a situação brasileira e a americana. Nosso racismo consegue ser tão sutil, quanto letal. A começar pela elevada presença de negros em nossas polícias. Algo que não ocorria nos lugares em que surgiram os Panteras. A cultura do porte civil de armas também inexiste aqui.
Mas é cada vez mais escancarado o racismo mortal das forças policiais brasileiras. E as UPPs se parecem cada vez mais com forças de ocupação violenta nos bairros pobres. Se a situação continuar assim, pode-se esperar pelo pior. Ou seria pelo melhor?