Em 28/05, ocorreram manifestações de professores no Rio e contra a Copa em Brasília. Em ambos os locais, a PM distribuiu balas de borracha à vontade, acompanhadas de muitas cacetadas. A imprensa preferiu destacar uma suposta flechada de um indígena contra um policial.
Enquanto isso, o governo federal anuncia que as tropas do Exército se encarregarão da segurança dos aeroportos, dos hotéis e das ruas por onde circularão as delegações da Copa do Mundo e autoridades em geral.
Só no Rio serão até 20 mil agentes em ação diariamente. São tropas das Forças Armadas, das policias estaduais, guarda municipal e polícias Federal e Rodoviária, além do Corpo de Bombeiros.
O setor de aviação do Exército vem treinando homens para executar manobras especiais nas cidades-sede da Copa. Elas envolvem "pouso de assalto diurno e noturno, fast rope, rapel, lançamento de panfletos e tiro embarcado".
O dispositivo militar e a máquina de propaganda da grande mídia se preparam para uma guerra. Mas do outro lado, não há armas. Só manifestantes exercendo seu legítimo direito de protestar.
Nos anos 1970, a ideologia da "pátria de chuteiras" ajudou a justificar a ditadura militar. Algo parecido volta a acontecer. A terrível diferença é que estamos na democracia, sob um governo de esquerda, e quem sentiu o peso dos coturnos nos porões da repressão agora não hesita em calçá-los.