A imagem exibe uma mulher branca em vestido alvo, flutuando por cima de uma planície americana. Colonos brancos a seguem, enquanto índios e animais nativos fogem. Ela representa o progresso. Em sua testa, a estrela do império. Em sua mão direita, um livro escolar.
Durante o século 19, os Estados Unidos avançaram rumo ao Oeste. Em sua marcha, internaram milhares de crianças indígenas nas escolas das reservas. Queriam educá-las, diziam. Na verdade, estavam destruindo seu modo de vida. À violência das armas juntava-se o massacre cultural.
A este processo, a produção chama de escolarização ocidental. Ela representa a imposição de uma monocultura nas relações humanas. A enorme diversidade dos modos de ser de nossa espécie resumida e unificada em torno dos restritos e mesquinhos valores do mercado. O mesmo currículo aplicado por toda parte, sempre buscando formar mão de obra a ser explorada.
Um dos entrevistados diz que a pergunta sobre o que significa ser humano ainda é respondida por 6 mil vozes diferentes. Correspondem às várias culturas da humanidade espalhadas pelo planeta. Mas esta riqueza polifônica vem sendo transformada em uma cantoria de uma nota só pelo padrão escolar imposto pela sociedade industrial.
Este processo priva humanidade das inúmeras formas que desenvolveu para se relacionar entre si e com o restante da natureza. Um metabolismo cuja riqueza se manifesta principalmente nas relações com o divino. Como disse o Prêmio Nobel de Poesia de 1927, Rabindranath Tagore, a escolarização "arranca as crianças de um mundo repleto de artesanatos de Deus...".