Que somos alvos como os demais países do BRICs (Brasil, Rússia, China e África do Sul), é uma evidência, como alvos específicos são a China e Rússia. Falo do imperialismo norte-americano e sionista.
Não é só a Crimeia que é russa por direito, confirmado pelo referendo onde mais de 95% da população votou por fazer parte da Confederação Russa, toda a Ucrânia é russa e movimentos separatistas começam a eclodir em outras partes do "país".
Esse o receio dos EUA. O dos países da União Europeia é diferente. Temem as retaliações de Moscou e soa como piada a ameaça do presidente francês de uso de força contra a Rússia. Deve ter tomado todas. Ou está disputando o lugar de cachorrinho de Obama com o primeiro ministro da Grã Bretanha.
Se as retaliações são um temor, outro e bem maior é reação das classes trabalhadoras que, no fundo, irão arcar com os custos da desastrada aventura norte-americana na Ucrânia e sua obsessão em cercar a Rússia.
Como são colônias e oprimem trabalhadores, sabem que a crise que assola países como a Grécia, a Espanha, a Itália, Portugal e outros, pode se espalhar e contaminar toda a UE.
Pela primeira vez, desde que reeleita para seu terceiro mandato, Angela Merkel sente que seu prestígio se esvai nas concessões feitas a Washington. E entre seus próprios partidários.
A política de Dilma Rousseff tem sido vaga. Nem lá e nem cá. Teme que Putin não venha ao Brasil em julho, para a reunião dos BRICs e as relações com os EUA estão desgastadas desde o episódio da espionagem.
Dilma enfrenta um ano eleitoral, é candidata e favorita à reeleição, mas sabe o poder de fogo dos adversários, principalmente da mídia venal e podre de mercado, inteiramente contra o governo. E vê renascer os protestos da classe média no delírio de um golpe comunista, que seria dado pelo PT um partido social democrata com forte inclinação neoliberal.
Sabe que a política externa não é bem um ponto que seduza o eleitor comum, preocupado com a alta do custo de vida, o preço do tomate. A saúde e a educação.
A posição da presidente pró Criméia russa é in pectori. O silêncio e o caráter vago das notas sobre a crise e suas perspectivas são o refúgio para a necessidade de eventuais mudanças nessa postura.
Vagas ou não, a postura do governo brasileiro, em julho, com Dilma diante de Vladimir Putin, em Fortaleza, vai ter que admitir o apoio ao colega russo na postura respaldada pelos habitantes da Crimeia.
Ou fazer um exercício tal de equilibrismo, do que não tem se mostrado capaz, soa como elefante em loja de louças, que ao final se espremido, o exercício, não sobra nada, só calorias de incompetência.
Dilma sabe que movimentos separatistas na Europa Ocidental ganham força com a decisão dos eleitores na Crimeia. Como sabe que o complexo terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A não leva em consideração ninguém ou nada que os eleitos divinos, como na Idade Média, para governar o mundo.
Tem a Síria e o Irã pela frente e visível está que o que acontece na Ucrânia reforça a posição de Bashar Al Assad, como alimenta os grupos islâmicos no Irã.
Deve ser por isso que o gigante voltou a deitar-se e a girar em torno de uma copa do mundo.
O problema disso tudo é que as alternativas não têm chances diante de um processo eleitoral que restringe a democracia tutelada que temos e Dilma resta, por pior que seja e bota pior nisso, menos ruim que qualquer um dos seus adversários.
Como Dilma vai se comportar diante de Putin é um desafio. Por enquanto está fazendo tudo para que o governante russo venha ao Brasil. Não significa que vá continuar assim se a biruta soprar para outro lado.