Do seu perfil, pouco novo podo dizer. Na realidade, constáncia de quem é o vulto há avondo, polo menos nos colectivos mais conscientizados; tem-se escrito largamente sobre o assunto.
Eu gostava de dizer ao ilustre e santíssimo Ratzinger, que apesar da famosa campanha "eu nom te espero", eu sim que o espero e o aguardo, ainda que provavelmente ele nom chegue a ser consciente. E nesta espera impossível e infrutuosa, vou fazendo acópio de motivos para me encontrar com ele. Nesse encontro infuturível, eu darei-lhe saudades.
Como discapacitado, como pessoa de esquerda, como galegofalante, como praticante da fornicaçom, como leitor de literatura impia e escuitador de música condenante e condenável. Como acredor da maioria dos sete pecados capitais, polo menos dos mais interessantes.
Queria dar-lhe saudades dos judeus deportados da Península Ibérica ao longo dos séculos, dos mouriscos massacrados e expulsos. Queria dar-lhe saudades de todas as pessoas recluídas, torturadas e executadas publicamente para maior glória desse Deus de misericórdia infinita.
Queria dar-lhe saudades d@s hereses, d@s doent@s e discapacitad@s, das prostitutas, d@s sexualmente incorrect@s, d@s vagamund@s, d@s excluíd@s, limpad@s da face do mundo por obra desse braço cruel chamado Santa Inquisiçom.
Queria dar-lhe saudades dos povos indígenas da América. Também dos centos de milhons de pessoas que morrem à fame em todo o mundo, e agonizam pensando que ao outro lado do túnel há umha vida melhor. Queria dar-lhe saudades de todas as crianças resgatadas do aborto para que a cristandade poda praticar a sua mesquinha e racista caridade.
Queria dar-lhe saudades das civilizaçons sepultadas no esquecimento após o aniquilamento das suas culturas. Queria dar-lhe saudades das pessoas que fôrom torturadas, encarceradas, assassinadas ou marginalizadas graças às suas redes de delaçom, na Galiza, no Estado espanhol e na América Latina.
Queria dar-lhe saudades deste povo humilhado, também dos púlpitos por umha cúria que ministra a mais implacável assimilaçom lingüística e cultural, e colaboradora com as redes caciquistas. Das crianças e adolescentes humilhad@s e torturad@s por falarem galego na escola.
Eu queria fazer-lhe lembrar isto todo a Ratzinger, ainda que se eu mandasse umha missiva ao Papa citando-o para lhe falar em todo isso, nem lhe havia chegar. Também nom terei hipótese qualquer de me poder achegar a ele quando estiver em Compostela, porque virá bem escoltado, em previsom de impertinências como a que eu pretendo.
Eu sim aguardo polo Papa, e espero esse infuturível encontro, realmente a minha vida é umha espera porque os responsáveis polas injustiças no mundo se ponham de frente com a verdade. Mas estas linhas ficarám num alegato pessoal lançado ao ar, se calhar afogado no clamor do êxtase devoto de umha multidom acólita, apresentando armas perante o seu imperador.
Apenas me fica afirmar-me como mais um dos que forma fileiras na legiom d@s apostatas, renegad@s do manto infame da Santa Madre Igreja.