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Carlos Serrano Ferreira

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A guerra na Ucrânia parece inevitável...

Carlos Serrano Ferreira - Publicado: Domingo, 02 Março 2014 15:22

Em 1994 foi assinado o Memorando de Budapeste pelos EUA, Inglaterra, Rússia e Ucrânia, quando esta, num dos maiores atos de renúncia de soberania, aceitou acabar com o seu arsenal nuclear em troca de um compromisso dos demais participantes defenderem a soberania e a integridade ucraniana.


Apesar de não ser um tratado, e por isso não ser vinculativo, permite um argumento para que os imperialismos dos EUA e a Inglaterra intervenham, quase como uma obrigação moral. Isto, note-se, apesar de os EUA e a Inglaterra não se notabilizarem por seguirem compromissos morais em nível internacional. Na verdade, seria uma desculpa moral para a intervenção, pois a Ucrânia não é formalmente membro da OTAN/NATO, apesar de colaborar em missões com esta.

O que teremos que ver é se o conflito parará num guerra apenas dentro da Ucrânia ou se estenderá pelo Leste Europeu... A Polônia e a Romênia tendem a ser cães de guardas do imperialismo estadunidense na região. Esta última já anunciava no ano passado a possibilidade de intervir militarmente para defender os romenos na região. A Alemanha reunificada e remilitarizada é um perigo aos povos sob o comando dos conservadores.

Dependendo de quanto demorar o conflito, isso pode se confundir com as disputas em torno ao Acordo de Associação (AA) com a UE pela Geórgia, ainda em relações quentes com a Rússia desde a guerra dos cinco dias, e a Moldávia, que também anunciou que assinará o acordo com a UE (ambas as assinaturas seriam em agosto). As duas tem temas quentes com a Rússia, as regiões separatistas da Abkházia e da Ossétia do Sul na primeira e a Transnístria na segunda, república reconhecida por poucos países, principalmente a Rússia. O tempo de um conflito desse é incerto, levando em conta que o maior exército europeu é o russo e o segundo maior é o ucraniano.

Um elemento que pode encurtar a guerra é o uso da arma congelante da Rússia: ela deve desligar o gás que aquece os ucranianos, que provêm dela em sua maioria, 70% da energia, vem da Rússia. Já fez isso no passado, nas chamadas guerras do gás (totalmente em 2006 e parcialmente em 2009). Isto afetaria toda a Europa... Como disse o vice-primeiro-ministro russo para os moldavos, caso assinem com a UE o AA: "torcemos para que vocês não congelem".

Há ainda o elemento imprevisível da existência de partidos fascistas importantes, que podem vir a se solidarizar com o novo governo de Kiev, como o Jobbik húngaro e na Eslováquia, onde o neonazi Marian Kotleba se elegeu zupan (governador) de uma região. Apesar das contradições entre os países e os fascistas, como o chamado "perigo húngaro" na Eslováquia.

Os EUA, por sua vez, tratam de jogar a UE contra a Rússia, para fragilizar possíveis competidores à sua hegemonia em decadência. Para isso poderá usar a OTAN/NATO para com o conflito fortalecer a unidade atlântica, já que uma ação não se dará nos marcos da ONU, pois no mínimo a Rússia vetará uma decisão. Podendo ser acompanhada pela China, pelos acordos e proximidade entre os dois, que são membros de uma aliança militar, o Pacto de Xangai e tem interesse em frear o avanço da OTAN.

Na verdade, para a China não seria ruim um conflito prolongado na Europa, pois permitiria fragilizar o giro americano para o Pacífico, pois os EUA já tem frentes militares abertas de mais: Iraque e Afeganistão, a Ucrânia seria uma terceira; e estão envolvidos em várias atividades terroristas e de desestabilização golpista, como na Síria e na Venezuela. Isso permitiria o seu fortalecimento militar nos mares da região.

E, até questões distantes podem trazer membros da OTAN/NATO para um possível conflito, como o Estado Espanhol. Seu governo se debate com o processo independentista catalão e o plebiscito de novembro, e que por isso é um defensor irresoluto em nível internacional da unidade territorial, e pode se somar aos esforços de guerra contra uma possível declaração unilateral de independência da Crimeia.

A Rússia pode também trazer para guerras seus aliados da OTSC (1) para um possível conflito, através da obrigação dos Estados-membros, frente a uma agressão contra um deles, de terem que intervir em defesa do agredido. Isso serviria ao imperialismo russo para descartar toda e qualquer expansão mais à Leste da OTAN/NATO.

O cenário é bem pessimista para os defensores da paz. O único aspecto possível que poderia sair de um conflito destes seria o aniquilamento dos fascistas ucranianos pelo Exército russo.

Nota:

(1) Organização do Tratado de Segurança Coletiva é uma aliança militar intergovernamental. Apesar de assinado em 1992 apenas com a ratificação em 2002 foi fundada oficialmente, tendo sido composta desde a fundação por Armênia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia e Tadjiquistão e a partir de 2008 pelo Uzbequistão.


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