Mas com a produção industrial de armamentos, o poderio militar da burguesia ficou incomparavelmente maior. Desde então, diz Engels, "os poderes dirigentes" tentam atrair as forças populares para o combate aberto, apenas para transformá-las em carne para seus canhões.
Ou seja, desde meados do século 19, a derrota militar das forças da repressão teria deixado de ser fator decisivo para a vitória das revoluções. A Revolução Russa, por exemplo, começou sem enfrentamentos bélicos. As tropas do czar simplesmente se recusaram a atacar os revoltosos. Depois é que veio banho de sangue promovido pela reação conservadora.
Isso não quer dizer que os combates de rua já não joguem nenhum papel, diz Engels. Mas a inferioridade militar "terá que ser compensada por outros fatores". Entre eles, a organização em larga escala dos explorados, muito mais numerosos que seus exploradores.
As ações dos black blocs não são necessariamente contraditórias com essa avaliação. Eles alegam que são atos simbólicos e não militares. Seus alvos são coisas, não pessoas, e procuram limitar-se à autodefesa. Mas isso também não quer dizer que suas opções estejam corretas.
É este o debate a ser feito. Passa muito longe da criminalização e do isolamento de manifestantes com quem possamos ter diferenças táticas, mesmo que profundas.