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Ramiro Vidal

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A república do verbo

Cada caso de corrupçom é umha prova de putrefaçom do regime

Ramiro Vidal - Publicado: Terça, 11 Fevereiro 2014 00:55

No meio da rotina do escritório oficial, alguém nom está tranquilo hoje. Leva toda a manhá a aguardar por um telefonema.


Um telefonema que nom dá chegado. Até que enfim, a secretária pessoal anuncia que alguém liga: é a chamada aguardada com aseio durante estas três horas. Respira com certo alívio; tudo em ordem, ou quase. Os botes de pintura estám prontos para ser recebidos. Ainda que nom todos, polo menos parte está garantido que lhe serám entregues. Às vezes acontecem contratempos e nom se recebe tudo o que se deveria receber, parte tem que aguardar.

O caso é que a maquinária vai funcionando, "esta gente" vai cumprindo a sua parte do negócio. Assim que há que ter paciência, enquanto nom houver um desfornecimento sério de pintura. A pintura é um extra, em realidade, porque aquí o verdadeiro negócio som os chouriços. Os chouriços nom som realmente necessários, a pintura sim, esse é o paradoxo. Os estranhos amigos do nosso protagonista (um homem importante) necessitam vender chouriços, e para vender esses chouriços oferecem pintura.

Nesta altura da história, os leitores já estarám a se perguntar qual é o curioso negócio no que está envolvido este indivíduo que desde um escritório oficial recebe telefonemas relativos a botes de pintura. Desde logo que no prédio administrativo onde se ubica o escritório deste homem importante, um vereador, ponhamos por caso, ninguém viu entrar nem sair carrinhas com botes de pintura e também ninguém sabe nada de movimentos relacionados com verbas de chouriços. O que torna mais misterioso ainda todo este assunto.

A pergunta obrigatória depois deste suponho que desconcertante começo é: entom, a Cámara Municipal compra-lhe chouriços (a quem, a umha indústria cárnica?) porque necessita pintura, e quem vende os chouriços presenteia pintura como incentivo?

Mais ou menos por aí vai a cousa, ainda que cumpriria aclarar que os botes de pintura em realidade som envelopes com feixes de notas de 500 euros, e os chouriços som candidaturas para contratos públicos. Assim se entende que colocar os chouriços no mercado com ajuda da pessoa acaída seja tam solícitamente premiado com pintura.

Agora entenderám os leitores a ansiedade do nosso vereador na manhá de um dia de cobro. A pintura, esse extra no negócio dos chouriços, é absolutamente chave nesta história.

A Constituiçom Espanhola di que os partidos políticos encauçam as correntes de opiniom e som a canle para a participaçom política neste regime. Isto em si já daria pé a umha profunda crítica sobre a qualidade democrática do regime. As franquícias políticas som a única via de participaçom? Pois vale a pena emprestar atençom a como essas franquícias tratam a democracia!!!

Os partidos com presença institucional som aparelho de estado em grande medida. Necessitam pintura para poder competir na encarniçada briga eleitoral. Para poder acceder ao poder nas instituiçons e para conservá-lo. Essa é a raíz do problema. Isso significa que conseguir pintura necessita dedicaçom profissionalizada por parte de quadros partidários e cargos públicos. As empresas que compitem polo suculento negócio do contrato público, sabem que necessitam investir pintura, para pagar campanhas eleitorais e para gratificar a cargos públicos. Assim é o negócio dos chouriços.

O sistema é corrupto e por isso os partidos do regime som corruptos. Nom é que os partidos do regime tenham nódoas na sua conduta que deteriorem a credibilidade do sistema. Os mesmos partidos que adividam quantias astronómicas à banca por créditos para as suas campanhas eleitorais (e nom se lhes embarga nem se lhes despeja das suas sedes por isso) que recebem subsídios milionários a travês das suas fundaçons, tenhem estas vias de financiamento ilegal. Há sumários kilométricos, processos judiciais espetaculares, correm rios de tinta na imprensa oficial, dedicam-se horas de debate público mediático ao tema, mas em momento nengum se planteja fazer auditorias aos principais partidos e fechar o "chirnguito" de quem nom tiver as contas claras e em ordem. É mais, nem sequer se planteja fechar-lhes a porta à participaçom em futuros processos eleitorais, e naturalmente a bilha do crédito bancário e do subsídio oficial também nom se lhes fecha.

No muito democrático regime espanhol, há gente no cárcere por delitos de opiniom ou por militar em organizaçons que tenhem pretensa conexiom grupos armados, ainda que estas pessoas em concreto nom tenham atividade demostrável que as vincule com esses grupos. No muito democrático regime espanhol, umha manifestaçom verbal ou escrita de simpatia ou solidariedade com umha pessoa presa que para a justiça espanhola responda à categoria de terrorista, pode custar também prisom. Ajudar ou visitar a pessoas presas pode vincular-te com grupos armados ainda que nunca tenhas manifestado identificaçom ideológica com eles. No muito democrático regime espanhol, por nom condenar ao ditado a atividade armada de certos grupos podes estar expulso do jogo político, podes estar privado de organizar-te politicamente onde desejares e podem-che cortar o direito ao sufrágio.

Mas nom acontece o mesmo com partidos que estám ligados às máfias inmobiliárias, que recebem dinheiro de empresários ligados ao narcotráfico ou ao tráfico de pessoas. Há indulgência infinita, porque som eles quem manejam a cousa pública e nom se vam auto-condenar. Eles som o sistema; o sistema é o corrupto, por muito que nos queiram fazer ver que o que há som garabanços pretos numha pota de garabanços brancos. Como muito o que acontece é que aquele que colhem com as maos na massa tem que responder a título pessoal, mas nunca se dirá que "este partido e a corrupçom som a mesma cousa", como também jamais se dirá que o caso Bárcenas, o caso Gürtel, o caso Pokemon ou o caso Dorado som todo um, ainda que os nomes se repitam.

Estes som os partidos que, teoricamente, encauçam as correntes de opiniom e som a via para a participaçom na política. Mas esse viciado mecanismo de alimentaçom da maquinária política oficial, realmente traz como conseqüência o seqüestro da democracia como pauta para a tomada de decisons políticas. As políticas privatizadoras tenhem a sua raíz nessas redes clientelares; o urbanismo anti-popular praticado nas nossas cidades, os cámbios legislativos totalmente lesivos com o méio natural e muito especialmente no referido ao monte e o litoral, a destruçom de emprego público...

Claramente, nom se trata de um problema moral nem pontual; trata-se de um regime putrefacto e aqueles partidos que participam de algumha maneira nesses mecanismos de lucro ilícito e perpetuaçom de poder som inimigos do povo.

Nom vale com reclamar ou prometer "mao dura". Quem vai aplicar essa "mao dura" desde dentro do sistema? O capitalismo é o problema e os gestores da democracia burguesa som um reflexo da sua degeneraçom. Às vezes som descobertos nas suas sujas maniobras e entom há que fazer limpeça de elementos queimados, para que a cousa continue a funcionar.

O socialismo é a alternativa, com o povo decidindo de maneira direta sobre as questons que incidem imediatamente nas suas condiçons de vida. Que a política deixe de ser um negócio e umha saída profissional para os parasitas.


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