Nem as ONGs, sempre tão pacientes com governos que representam os interesses da destruição industrial, aguentaram. Abandonaram o evento pela primeira vez em sua história. Kumi Naidoo, executivo do Greenpeace, explica os motivos:
A COP 19 foi uma farsa. Era para ser sobre o aumento dos cortes das emissões, mas o que vimos foi o oposto – o Japão diminuiu sua meta, a Austrália desistiu de suas políticas climáticas e o Brasil apresentou aumento de 28% no desmatamento. Além disso, os países ricos falharam, não cumpriram suas promessas de disponibilizar financiamento climático de longo prazo.
A grande imprensa, no entanto, destaca “avanços”. Um deles envolveria a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação de Florestas (REDD). Mas o REDD não passa de mais um mecanismo para negociar poluição no mercado financeiro especulativo.
Outro “avanço” seria a adoção do chamado “Mecanismo de Varsóvia”. Uma espécie de ressarcimento para localidades que tiveram prejuízos com eventos climáticos extremos. Piada. O texto final não impõe obrigações.
Um exemplo de “evento climático extremo” foi o tufão que atingiu as Filipinas durante a COP. Márcio Gomes, correspondente da Globo, fez a cobertura da tragédia que já matou mais de 5 mil. Em entrevista ao Diário Catarinense, ele disse que é terrível ouvir “o choro das crianças à noite”. Mas, disse ainda, “você não tem o que fazer, pois não é só fome ou sede. É medo”.
Medo é o que os governantes do mundo precisariam começar a sentir. Todos.