Nenhum outro partido adota processo semelhante. Muito provavelmente, nem aqui nem no resto do mundo. Por isso, o PT considera o PED uma enorme demonstração de democracia. Não é. E são dirigentes do próprio partido que dizem isso.
Renato Simões é deputado federal e foi um dos candidatos a presidente da legenda. Suas palavras: "Espero que seja o último PED (...) do PT. O partido trouxe para sua estrutura interna as mazelas do sistema político que queremos reformar".
Simões foi derrotado na disputa. Seu depoimento poderia ser fruto do despeito. Mas não é o caso de Romênio Pereira. Ele é dirigente nacional do partido e apoiou Rui Falcão, que venceu a eleição à presidência do PT. Pereira também defende o fim do PED.
O PED foi adotado em 2001. Na época, muitos militantes alegaram que o processo beneficiaria o poder econômico e a perpetuação de antigos dirigentes no poder. Não deu outra. O debate morreu e impera o continuísmo no controle da máquina partidária.
O processo anterior, através de congressos, também apresentava problemas. Mas eleições diretas envolvendo centenas de milhares de participantes tendem a reproduzir a maior das distorções das democracias de massa: a participação passiva do voto solitário.
O PT representou uma revolução partidária no País. Mas desde que se deixou sequestrar pelo calendário eleitoral, acumula poder, não democracia. Por isso, fica cada vez mais à vontade com aliados antidemocráticos.