Entre nossos militantes da educação para a liberdade, destacam-se Dermeval Saviani e Paulo Freire. Saviani, por exemplo, definia a pedagogia contra-hegemônica como um processo que procura:
... desarticular dos interesses dominantes aqueles elementos que estão articulados em torno deles, mas não são inerentes à ideologia dominante e rearticulá-los em torno dos interesses populares, dando-lhes a consistência, a coesão e a coerência de uma concepção de mundo elaborada, vale dizer, de uma filosofia.
Ou seja, valores como solidariedade, justiça, igualdade não são propriedade da classe que mais os proclama e jamais os coloca em prática. Foram sequestrados por quem quer dourar sua dominação. A atividade educativa de contestação deve resgatá-los desse cárcere a serviço de interesses privados. Colocá-los à disposição dos únicos interessados na derrubada da ordem social atual: os que são explorados e oprimidos por ela.
Para Paulo Freire, somente na medida em que se descubram "hospedeiros do opressor", os oprimidos poderão contribuir para o "partejamento de sua pedagogia libertadora". Mas ele também adverte:
O caminho, por isto mesmo, para um trabalho de libertação a ser realizado pela liderança revolucionária não é a "propaganda libertadora". Não está no mero ato de "depositar" a crença da liberdade nos oprimidos, pensando conquistar a sua confiança, mas no dialogar com eles.
Com tal afirmação, Freire dizia pretender apenas "defender o caráter eminentemente pedagógico da revolução". Postura que permite deduzir a permanente condição de aprendiz que todo revolucionário deve assumir.