Entre os motivos, estaria a crescente influência conservadora nos protestos. Referem-se à agressão a militantes partidários e sindicais. Ao surgimento de reivindicações como a redução da maioridade penal e o fim da política de cotas raciais e sociais nas universidades.
É muito preocupante que o principal organizador das manifestações esteja se retirando. Os penetras ameaçam tomar conta da festa e transformá-la numa "rave" conservadora e violenta. Apesar disso, as forças de esquerda devem continuar a apoiar e participar dos protestos. A grande maioria participa de modo despolitizado. Mas abandoná-la à influência de ativistas de direita será ainda pior.
No entanto, a esquerda tem grande responsabilidade no que está acontecendo nas manifestações. A que está no governo, por aliar-se aos setores mais conservadores e abandonarem lutas históricas. A Reforma Agrária e um grande exemplo. A exigência histórica foi arquivada em nome de alianças com os latifundiários do agronegócio. Sumiu de tal modo que não conseguimos fazê-la aparecer nas atuais manifestações.
A esquerda que se opõe ao governo também cometeu erros terríveis. Nos partidos, refém do calendário eleitoral. Nos sindicatos, dedicando-se a disputar o controle dos aparelhos. Todos distantes do trabalho organizado nas bases. Da organização cotidiana da luta. Nos desmoralizamos a ponto de sermos expulsos de manifestações que estaríamos dirigindo uma década atrás. Culpar a direita golpista é fácil e inútil. Ela está aí para isso. E nós, estamos aqui para quê?
A ressaca se aproxima. Precisamos aliviar seus efeitos.