Algumas avaliações sobre as recentes manifestações populares parecem confirmar essa tese. É o caso da entrevista que Marcelo Ridenti deu ao Estadão, em 16/06. O sociólogo diz ter a impressão de que:
...as manifestações atuais refletem o desconforto de uma geração que teve ampliadas as oportunidades de acesso ao ensino médio e superior, mas que encontra um mercado de trabalho restrito e frustrante sob o ponto de vista salarial e de condições de trabalho.
Em 14/06, no artigo "Os estudantes entre o molotov e a utopia" para o Valor, Maria Cristina Fernandes chega a conclusão parecida. Ela destaca o aumento da presença de jovens pobres no ensino superior: "entre 2002 e 2010 os universitários da classe C saltaram de 6 milhões para 9 milhões. Serão 11 milhões em 2014".
Mas, diz a jornalista, trata-se de "uma geração que usufrui mais oportunidades que seus pais, mas há crescentes dificuldades no cotidiano para usufruí-las". Entre elas, o péssimo transporte público, do qual metade deles é usuária.
Pode ser uma explicação baseada em frágeis aparências, mas combina com uma tendência que sempre marcou o capitalismo. É a vocação para frustrar expectativas. Desde a clássica "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" até as atuais "maravilhas do livre mercado".
Mas no caso das recentes manifestações, a frustração também parece ter chegado aos mais velhos. O direito ao consumo já não basta. Como dizem as ruas: "Da Copa, eu abro mão. Quero saúde e educação!"