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João Sousa

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Na Galiza para o Sul

Poemas de comboio: 17, 18 e 20

João Sousa - Publicado: Quarta, 22 Mai 2013 02:13

João Sousa

O ‘poema de comboio’ compreende um projecto recente e acompanha quase diariamente a ideia da viagem, do movimento, do quotidiano. Trata-se de uma reacção às constantes mudanças, aos breves nomadismo do autocarro, do comboio suburbano, do metro, do trabalho precário e dos breves momentos de sonho no contínuo temporal da vida em movimento. Transparecem dúvidas, tensões entre o ter vivido no Sul, o ter o coração no Norte, e ter de habitar o Centro. Automatismos da escrita, livre de preconceitos ou regras. Influências literárias. Observações dos passageiros, das gentes nas paragens, das vidas que se cruzam e não se tocam.


O nível de desprendimento e normalidade com que apanhamos o comboio, o metro, o autocarro, a boleia para nos deslocarmos simples metros ou muitos quilómetro equivale ao desprendimento com que pensamos essa viagem. O poema de comboio pretende contrastar entre a indiferença e o olho observador; entre o banal e o particularmente estranho; entre o cansaço da obriga da viagem diária e rotineira e o desejo de viajar constantemente.

Aposto mais uma vez na divulgação, desta vez de três poemas (ou como quiserem chamar-lhes), no DL, considerando de novo que na pluralidade existem certamente mais caminhos para escolher, construir, perceber…

 

poema (de)comboio #17

farto das trocas de letras e números

há um fardo que cargo às costas

não o conheces

há um sol que aquece as pernas

e corro mais depressa para longe de mim

os números venceram as letras

há uma derrota constante nas vitórias dos outros

algo que nunca terias pensado antes de o ouvires

está dito. a chuva molha-te os pés

e, no entanto, corro à mesma velocidade

salvaram as letras dos números

congruências de um sistema chamuscado

tórridos grãos de café de hora a hora

morrem, anos depois

há um ciclo em toda a vida que ainda brinca com a morte

sai. quero passar. já te tinha dito isso vezes demais. não?

 

poema de comboio #18

porque é que não datas os poemas?

porque é que os teus não têm título.

ando a pé e de autocarro e de comboio

passei em todas as zonas apenas com um triciclo

com três rodas não chego a nenhum lado

talvez porque não saibas um deus

talvez porque não quero chegar a lado algum

 

poema de comboio #20

quantas vezes saímos na mesma zona

quantos regressos e partidas

?

um suspiro de alívio

um acelerar do coração

e o cansaço patente na viagem

 

Aproveito para relembrar que estão abertas as colaboração com a D’AEQUUM # 4, número da revista digital do grupo AEQUUM que pretende continuar a existência como repositório aberto de poesia e, agora, convidar-vos a alargar a temática à Galiza e Lusofonia. Contactem-nos através do blog http://aequum-equidade.blogspot.com


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