O texto diz que a grande imprensa brasileira tenta transformar a cubana Yoani Sanchez "na única voz livre" em seu país.
Segundo Martins, em Cuba, há pelo menos "uma centena de jornalistas, escritores e intelectuais que discutem abertamente a situação criada pelo isolamento do país". Ele destaca a revista Voces. Disponível na internete (http://vocescuba.com), a publicação traz textos com fortes críticas ao governo cubano sem fazer o jogo do imperialismo.
Ou seja, diz Luciano, a "blogueira pop" não é a principal representante da dissidência intelectual cubana. E conclui brilhantemente: "Yoani é o barulho que a imprensa brasileira faz, para que outras vozes cubanas não sejam ouvidas".
Mas também seria importante destacar um ponto em que imprensa burguesa e grande parte da esquerda coincidem. Ao insistir no caráter socialista de Cuba, ambos transformam a heroica resistência de seu povo num espantalho usado pela direita.
Devemos condenar e denunciar o criminoso bloqueio estadunidense à Ilha. A luta de seu povo merece todo o nosso apoio. Mas o regime estagnou em posições autoritárias desde que Cuba se tornou dependente da União Soviética nos anos 60.
O colapso do império soviético quebrou de vez o cambaleante capitalismo estatal cubano. O acúmulo de precariedades e desigualdades vai aniquilando qualquer possibilidade de construir uma sociedade justa e próspera.
A resposta do regime a tudo isso tem sido a rendição aos mecanismos de mercado. Ou encaramos isso ou corremos o risco de também fazer um barulho que convém a Yoani e ao imperialismo.