Pretendo unicamente, diante da recente detençom e linchamento mediático de um vizinho de Ames, significado polo seu ativismo social e independentista, cumprir com o dever de denunciar o contraste que um facto como esse reflete em relaçom aos numerosos casos de corrupçom política e económica que diariamente -e nom exagero!- inçam as páginas dos meios de comunicaçom deste país.
É por isso que no título que encabeça estas linhas coloquei os nomes de Senlheiro e de Baltar. A quem me acusar de fazer demagogia por comparar dous casos tam diferentes, respondo desde já que sim, som diferentes, mas também indicativos das contradiçons que atravessam o decadente sistema atual.
O primeiro, Hadriám Mosqueira, Senlheiro, representa um crescente número de galegos que nos últimos anos venhem sendo periodicamente detidos e encarcerados de maneira fulminante. Nom só isso: o protocolo contra eles costuma incluir meses ou anos de prisom preventiva a centenas de quilómetros de distáncia dos seus lugares de residência, às vezes com vexames e maus tratos incluídos, à espera de julgamento por acusaçons que amiúde ficam em fumo.
O segundo, José Luís Baltar, representa bem nestes dias essa legiom de acomodados políticos e milionários banqueiros acusados, imputados, condenados e indultados, cuja conta sem fim é difícil de fazer, tanto polo seu número como polo que roubárom ou desviárom para as contas dos seus partidos, e que fam parte do consenso de um regime cada vez mais visivelmente podre e antidemocrático.
Os rigores da prisom, do isolamento e inclusive da dispersom, impostos por umha legislaçom perversa e parcial, som aplicados contra quem o sistema considera os seus inimigos, entre os quais nunca se encontram esses políticos corruptos, os banqueiros nem outros grandes delinqüentes económicos.
Isso apesar das contrastadas redes de financiamento irregular que alimentam os principais partidos, das grandes operaçons financeiras de engano massivo a dezenas de milhares de famílias galegas, e do afundamento de todo um sistema económico baseado na especulaçom e no roubo generalizado. Nengum dos protagonistas e responsáveis de todo isso está em prisom e alguns deles até fôrom premiados no seu dia com as Medalhas Castelao, o máximo reconhecimento institucional da Galiza autonómica.
Nom sei se Senlheiro e as restantes presas e presos preventivos por motivos políticos cometêrom algumha infraçom ou delito contra o atual ordenamento jurídico. Sim tenho a certeza de que todas elas som pessoas honradas, com um compromisso comunitário contrastado e alheias a qualquer lucro ou interesse pessoal que nom seja contribuírem para a construçom de umha sociedade melhor. Por isso nom merecem a aplicaçom de umha legislaçom tam injusta como desproporcionada, que só cai sobre os mais fracos e nunca sobre os mais fortes.
Transmitida por uns meios de comunicaçom seqüestrados polo poder político e económico, assistimos nestes dias a umha intolerável representaçom da profunda e discriminatória desigualdade em que este sistema se sustenta. Nom podemos assistir calados, porque nom queremos ser cúmplices. Devemos denunciar a impunidade com que neste regime se aplicam dous pesos e duas medidas no exercício do monopólio da violência por parte do Estado.