Deste ano, grato recordo da intervençom de Salvador Tió e da exposiçom de Alberte Moço, e também umha muito valiosa aportaçom de Iñaki Gil San Vicente, que nom estava na nómina de ponentes oficiais, mas que sempre tem análises interessantes que achegar, quer da mesa de relatores e relatoras, quer do público.
De Alberte Moço há que destacar a sua exposiçom de qual é exactamente a situaçom da Galiza no mundo actual, o seu labor de desmontado desse velho mito da “colónia”, a sua caracterizaçom do inimigo ao que nos temos que enfrentar, que com efeito se chama Espanha, mas que essa Espanha é também o projecto nacional da burguesia galega, a que maioritariamente explora ao proletariado galego. Evidentemente, continuarmos instalad@s no diagnóstico de que Galiza é umha colónia, de que tam oprimida está a burguesia galega como o proletariado e de que o mal vem de fora exclusivamente, ao único que nos leva é a conduzir erroneamente os nossos esforços a um pacto de classes que nunca se dará. Esta síntese do labor de deconstruçom do mito colonial que se leva fazendo no MLNG já bastante tempo e que ficou reflectido nos textos da última Assembleia Nacional de NÓS-UP, viu-se para mim complementada em grande medida pola intervençom do companheiro catalám Aquiles Rubio, quem caracterizou a burguesia do Principat como espanholista com , em qualquer caso, um forte sentimento regionalista. Isto também deita por terra essa imagem que temos de umha burguesia catalá que age sempre em chave de construçom nacional. Umha imagem falsa que é a origem de muitos complexos e envejas infundadas dentro do nacionalismo galego.
Precisamente nestes dias em vários foros e redes sociais da internet estám a ecoar as reflexions do político “popular” Rafael Cuinha numha palestra pronunciada dentro de um ciclo da Associaçom Cultural O Facho. Naquela conferência que eu saiba nom se mencionava a possibilidade de que num futuro se configurasse um projecto político nacionalista de direita, ainda que a raíz de muitas cousas que o senhor Cuinha deixou cair, muitos estám a dar-lhe voltas a essa ideia (por enéssima vez) e fazendo ucronia do que seria a vida política deste país se umha força de tal corte ideológico tivesse sucesso na Galiza. O senhor Cuinha tem todo o direito a expressar nos foros onde lhe deixem as suas diferenças com a actual direcçom do PP na CAG, ainda que eu acho que todos os gestos de desmarque do Cuinha a respeito das formulaçons e as políticas de Feijó há que lê-las mais em chave interna do que outra cousa, é dizer, obedecem mais a umha luita polo poder no PP do que à vontade de criar algo novo… além disso, evidentemente é problema dele e de quem o seguir o que queira fazer. A questom é que estes gestos de aproximaçom aparente a postulados galeguistas e a formulaçons da realidade galega em chave de naçom (cuja sinceridade já comprovaremos) provocam umha esquizofrenia entre a intelectualidade e os sectores “progressistas” da sociedade que desviam a atençom de problemas reais. Há um certo nacionalismo e autonomismo ainda de pretensa esquerda que assome os problemas dessa direita supostamente galeguista como próprios, e nom empresta atençom a luitas que sim deveriam ser próprias.
Eu quigera remeter-me à intervençom na derradeira sessom das XIV Jornadas Independentistas Galegas do Iñaki Gil. Falava de prepararmo-nos para umha crise de características especiais. Dizia o analista basco, que pola primeira vez concorriam, com a crise económica, a crise ambiental e a crise energética. O colapso do capitalismo coincide com um momento crítico, no que a mudança climática poderia em breves provocar a fame de centos de milhons de pessoas, polo simples facto da impossibilidade de cultivar arroz em grande parte do planeta onde este cereal é a base alimentar (ou quase o alimento único) da populaçom, e no que o petróleo se esgota, com o que outros recursos energéticos poderiam ser motivo de conflito na mesma medida que agora o é o combustível rei. Um pode imaginar perfeitamente como a precipitaçom destas variáveis que agem tam manifestamente combinadas, provocarám um fenómeno de éxodo climático, o que nom é um fenómeno novo, pois noutras eras da história da humanidade já se tem dado, e nas comunidades animais é um contínuo desde que a desertizaçom é um problema sério e o desgelo da Antártida é perceptível de um ano para o outro a simples vista. A questom é como se vai resolver o ter que partilhar menos superfície do planeta com muita mais gente, como repartimos o que há, como o administramos. Isto sugire-nos que a destruçom do capitalismo nom apenas é necessário para o triunfo da classe trabalhadora, mas também para a continuidade da espécie humana. Iñaki Gil San Vicente falava de três possíveis vias polas que podia optar a classe operária para fazer frente a esta situaçom: a via revolucionária, a via passiva ou a via contra-revolucionária.
Um exemplo da via contra-revolucionária poderia ser o triunfo em determinadas zonas de Europa de partidos com discurso xenófobo (precisamente Aquiles Rubio referiu-se ao caso catalám) e um exemplo da via passiva vemo-lo na própria classe operária galega, nom capaz de associar a nefasta situaçom sócio-económica do país com o seu próprio estátus jurídico-político, assimilando-se aliás aos discursos regressivos dos partidos do sistema sobre a crise, caindo na armadilha das suas polémicas artificiais, etc. A via revolucionária é a que fica por desenvolver, resgatando as liçons de experiências de luita recentes na Europa como as greves na Grécia e nom apenas, pois aí estám as mobilizaçons do estudantado na Itália no ano passado, as greves do metal na Galiza, o movimento popular nas Honduras, o processo revolucionário na Venezuela, os levantamentos indígenas no Equador ou em Chile…nom todas estas experiências de luita tomarom ou tomarám umha direcçom revolucionária, mas sim que podem aportar a essa via revolucionária que temos que preparar.
O que está claro é que, a falta de que a esquerda realmente revolucionária se prepare para incidir nos conflitos que surjam nas nossas sociedades e mesmo liderá-los, a falta de que nós plantejemos cada luita como um caminho à revoluçom, a oligarquia sempre terá a contra-revoluçom na recámara. Será o projectil que disparem quando corram perigo de perder o controlo da situaçom. Pensar, com todo o que está a acontecer no planeta, que o problema da crise é de simples gestom, limitar as nossas aspiraçons a que chegue um governo “nom-tam-de-direitas” que nos permita viver sem tocar-nos o poder adquisitivo (ou seja, que poidamos consumir e esquecer a exploraçom como marca ineludível da nossa existência) e mantendo os serviços públicos, é de umha inconsciência total. A minha luita é destroir o capitalismo antes de que o capitalismo nos destrua a nós.
Com um cenário destas características, é ilusório falar de um pacto de classes na Galiza, é ilusório pôr esperanças em que um dia a social-democracia do PSdeG e BNG poidam pactuar com um partido de centro e governar conforme a um programa progressista e galeguista…quanto havia de durar esse governo autonómico, sem que se produzir umha involuiçom no Estado? E esse governo autonómico, vai dar passos cara a autodeterminaçom? E esse governo autonómico, vai caminhar cara o socialismo, ou vai permanecer nas estruturas do capitalismo?
Em qualquer caso Ortega, Jove, Tojeiro e outros nom vam ser os meus aliados na luita polo socialismo, que para mim é umha necessidade, nom um simples ideologismo comprado na feira. E para isso devemos preparar a via revolucionária fortalecendo-nos ideologicamente, conhecendo-nos, debatendo, apreendendo de outras realidades e a própria. Porque nom abonda com dizer que a revoluçom é inevitável, de facto estamos a ver que é evitável, igual que no seu dia vimos que o socialismo era, contrariamente ao que se imaginava, reversível.
Em definitivo, temos que retomar a perspectiva da revoluçom e abandonar a tentaçom de que podemos negociar o nosso futuro com os que manejam esse artilúgio depredador chamado capitalismo.