São dados valiosos para começar a entender o tamanho do poder econômico no Brasil. Ainda precisam ser melhor analisados. Mas, logo de cara, ficamos sabendo que as 12 primeiras companhias da lista detêm 51% do "poder acumulado" total. A concentração é enorme, mas o que surpreende mesmo é a grande participação do Estado.
A União acumulava cerca de R$ 460 bilhões, em 2011. Principalmente, devido ao controle das estatais e às participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. A primeira empresa privada no ranking é a Telefônica, valendo apenas R$ 187 bilhões.
É o tipo de informação que pode levar a conclusões precipitadas. A grande presença do Estado demonstraria, por exemplo, um rompimento dos governos petistas em relação ao neoliberalismo tucano?
Não é o que podemos concluir ao ler artigo de Laura Escudeiro, publicado pelo próprio "Instituto Mais Democracia". Em "Políticas Públicas e a Atuação de Grupos Econômicos", Laura usa o conceito de "legados dinâmicos", da estudiosa Suzanne Berger.
Trata-se da forte influência de escolhas feitas no passado. E uma delas seria a grande contribuição estatal na proteção a corporações poderosas como a Vale e a Embraer. Privatizadas, ambas continuaram a gozar dos mesmos privilégios concedidos a elas no passado.
Assim, quanto à proteção a gigantes empresariais, haveria muito mais continuidade que rompimento nas últimas décadas. O governo mudou de mãos, mas continua a fazer papel de dedicado síndico dos proprietários do Brasil.