Após 20 anos de democracia burguesa (e isso que já é hora de chamar as cousas polo seu nome, umha cousa é democracia e outra bem distinta é democracia burguesa), o capitalismo nom soubo dar respostas aos problemas daquelas sociedades e naçons. Contrariamente, piorou-nos e deste jeito a realidade quotidiana em países como a Albánia e a Roménia é quase terceiro mundista, com uns índices de pobreza e fame que causam grande impressom e esse cenário é idêntico ao da Bulgária, as repúblicas ex-soviéticas e un longo et cétera.
No caso doutros países como a ex-RDA ou o que foi a Checoslováquia, ou a Hungria, que eram os países socialistas em que as condiçons de vida eram um bocadinho superiores ao resto do leste europeu, as condiçons de vida derom numha queda espetacular e o nível de vida é muito pior que na época socialista.
Em paralelo a estes dados objetivos, decatamo-nos dum resurgimento do nazi-fascismo na zona muito preocupante. Os jovens que nom conhecêrom o socialismo e que moram entre a desesperança que está a oferecer o capitalismo, optam por se somar aos bandos fascistas, algumhas delas ocultas atrás de adeptos do futebol. Racismo, xenofobia e outros males que venhem da mao da democracia burguesa provocam grande mágoa enquanto nos apercebemos dia após dia da sua presença nestas realidades.
Os governos de muitos destes países estám muito perto do fascismo, nom há que esquecer o ultra-reacionário e nacional-católico regime da Polónia ou o da Croácia, e nom falemos já das repúblicas bálticas, onde é proibido exibir a fouce e o martelo, ao tempo que se lembra e da homenagem às SS nazis.
Se para todo isto caiu o muro, melhor estava bem erguido, com certeza. A hipocrisia do mundo ocidental, naqueles anos onde nos vendiam a ideia de derrubar muros para abrir a "casa comum europeia" nom tem limites. Jamais dim nada ao redor do odioso muro que ergueu Israel ou do muro que dividia Belfast. Todo fijo parte dumha propaganda anti-comunista para socavar as democracias populares do leste europeu.
Sem deixar de criticar os erros e desvios daqueles governos, já que isto é outro capítulo, com certeza que o socialismo é, e era superior ao capitalismo. Quase ninguém saiu em defensa do socialismo, devido a esses erros, ao nom terem essas pessoas canais de participaçom na vida política e social, porque era conhecida a existência de gerifaltes do partido abertamente corruptos, porque a vida cultural em muitos casos centrava-se em fatores ideologizadores e desatendia a criatividade do povo, e algumhas causas mais que junto com umha fortíssima batalha ideológica que os empurrava ao imperialismo e que os seduzia com os bens de consumo e com os luxos dumhas falsas democracias que eles achavam que cá todos tinhamos, levou a que a gente nem sequer erguesse um dedo ante a queda do socialismo.
Mas, contodo, insisto em que aquele socialismo imperfeito, terrivelmente imperfeito, era superior sobretodo éticamente ao melhor capitalismo.
Mas os mortos, mortos som, e aos mortos há que deixá-los descansar. É bom lembrá-los e saber esquecer e perdoar os erros que tivérom em vida, e ao mesmo tempo, saber apreciar e recuperar o bom que oferecêrom na sua existência. Nom é ético falar de mortos apenas para os vilipendiar.
O socialismo do século XX morreu e há que lembrá-lo para recuperar seus valores positivos que eram muitos, muitos mais do que achamos.
Todo isto vem a propósito, já que nos últimos anos está de moda o termo "socialismo do século XXI" que no seu nome semelha querer renegar dum outro socialismo, do socialismo do século XX, semelha querer marcar distáncias. Nom gosto desse nome, porque o socialismo é umha ideia que injustamente pode ser enquadrada num século da história da humanidade concreto.
Gosto muito mais do termo "socialismo no século XXI". E é que o socialismo, se de verdade é tal, nom é possível ser amputado das linhas mais importantes que o criárom.
Sem entrar em dogmatismos, um socialismo que nom recolha as ideias do Lenine, nom é socialismo. Será "socialismo democrático" como dizia o Felipe González, mas depois demonstrou que seu socialismo, nem era tal, nem democrático. Se o socialismo carece da análise arredor do capitalismo de Marx e Engels e nom os desenvolve na prática, pois é assim que nom estamos perante o socialismo, mas perante a social-democracia.
O socialismo tem de se nutrir do internacionalismo proletário, da análise da luita de classes, da mobilizaçom constan te da sociedade em defensa da revoluçom, do exército popular, como expressom do povo em armas em defensa das suas conquistas... isto é o ABC do socialismo. É assim que seria muito bom repassarmos se quer um bocadinho do que foi aquela experiência que atravessou o século XX e como di Manuel Navarrete, num brilhante artigo, foi a única alternativa real ao capitalismo.
E seria muito melhor ainda que os movimentos soberanistas europeus, a repassem ham tirar liçons muito práticas para o seu devir futuro como naçons autenticamente livres.
Após 20 anos de experiência, o que está muito claro é que nem a Letónia, nem a Croácia, nem a Lituánia, nem outros povos que acedêrom à independência no leste europeu, é possível dizermos que som povos autenticamente livres. Embora pareçam fantoches dumha Uniom Europeia, cada vez mais opressora e fascistoide.
A soberania dos povos, teremos que fabricá-la entre todas e todos, sem afastar nada e menos umha experiência, a socialista europeia que marcou agendas e sobretodo ergueu povos inteiros de quase o medievo à vanguarda mundial daqueles anos.