Já sei que as detençons sempre som um duro golpe e mais no pessoal se conheces as ou os detidos. Mas a dor é maior se só ficamos com a perda das companheiras e companheiros e nom as enquadramos num contexto mais amplo. Quando um país oprimido tem presos políticos quer dizer que é um povo que luita por libertar-se da opressom e da exploraçom.
Hoje tocou-nos a nós estar nesta "trincheira", amanhá tocará a outras e outros até conseguirmos a nossa ansiada independência. Que ninguém pense que conseguir a independência vai ser um caminho de rosas, todo processo revolucionário tem um custo em vidas humanas, em sofrimentos e sacrifícios.
Sonha quem acredita que atingir a independência é como coser e cantar, empresa de fácil êxito na que nom se tropeça com dificuldades, nem se sofrem reveses, nem se requerem imensos esforços. Se a causa fosse doada haveria milhares de revolucionários. O importante é que a luita nom decaia, que o Estado imperialista espanhol lhe custe caro ter a "bota" opressora sob a nossa Galiza.
Nom é para botar fogos cada vez que detenhem ao mais granado da nossa juventude, mas sim é para sentirmo-nos orgulhosos do nosso povo. Só olhandi desta óptica é como o inimigo tem a guerra perdida.
Toda esta repressom nom é ao azar, obedece a um plano minucioso e detalhado do ministério repressivo, para que o povo galego nom levante a cabeça. Nom vam a consentir que nos organizemos e luitemos polos nossos direitos e pola soberania da Galiza. A estas alturas deveriamo-lo ter muito claro. Só lhe daremos volta ao revés das detençons potenciando as organizaçons antirepressivas e de solidariedade.
Converter o golpe num revulsivo, a sensaçom de indefensom num maior arroupe; o cansanço em novos folgos, em que temos motivos e razons paea erguermo-nos tantas vezes como faga falta. Há que chegar a toda essa gente que estivo nas concentraçons e motivá-las, dando-lhe umha visom de optimismo.
A frase do Delegado do Governo "Galiza é o único sítio do Estado no que há terrorismo", nom é gratuíta, quer dar a sensaçom de que estamos sós, isolados e em inferioridade de condiçons fronte a um Estado bem pertrechado quando realmente é todo o contrário, o isolamento é a fraqueza do estado é a maior da história da sua democracia bourbónica.
Em pouco tempo, no estado Espanhol, vam suceder muitas cousas (estám sucedendo já), processos de muita transcendência. Acho que a Catalunha abriu esse processo possivelmente liderado pola burguesia, ao menos num princípio, mas é um processo rotundo, irreversível, já nom tem marcha atrás. Madrid sabe-o, por suposto nom vai ficar de braços cruzados, nem muito menos, mas nom tem muita margem de manobra. Eu penso que de momento nom vai recurrir aos tanques, embora aos militares nom lhes faltam ganas.
Se a Diada deste ano foi espectacular, com mais de um milhom de pessoas na rua exigindo a independência, o partido de futebol Barça-Madrid nom ficou atrás e converteu-se numha demonstraçom e reafirmaçom independentista. Aupa Catalunha!
Estou convencido que os bascos também vam a fazer umha demonstraçom de força 21 de outubro. Se Bildu nom fica como primeira força ficará em segundo posto, mui perto do PNB. Este facto é muito importante, deixando-os numha posiçom mui boa para as eleiçons municipais e forais.
Na Galiza, de momento a cousa é bem diferente, a consciência política do povo galego é mui pequena, nom há esse sentimento patriótico, identitário que pode haver em Euskal Herria ou em Catalunha, nem se apresneta ninguém às eleiçons que represente os interesses do povo galego. As trabalhadoras e trabalhadores a quem votam, ao BNG, a Beiras-Diaz? Por muito que digam os inquéritos o PP nom saca maioria absoluta, mas para o caso prático que mais dá, os que venhem detrás vam a aplicar a mesma política ou mui parecida. Já temos a experiência de Tourinho-Quintana.
Eu gostaria que além de Beiras entrasse Iolanda Diaz ou Fajardo, um dos dous, para que haja um de Anova e outro de IU no parlamentinho, e assim aflorassem as divergências (se é que as há) entre nacionalistas e espanholistas.
Quanto antes se clarifique o panorama político institucional galego muito melhor para as forças revolucionárias. É nojento olhar a Llamazares ou a Cayo Lara fazer campnaha eleitoral a carom de Beiras e de dirigentes "soberanistas" da FPG e MpB. Acho que tem que revolver-lhe as tripas a qualquer galeg@ que se précie. Mais depois das declaraçons espanholistas desses dous elementos, sob o clamor popular de independência do povo catalám. Vai a ser interessante o panorama político na Galiza depois de Feijó. A mágoa é que me estou perdendo um momento mui intenso, uns acontecimentos para viví-los sobre o terreno e nom aqui, afastado da Terra.
Há que esperar os resultados, mas todo aponta que o PP e o PSOE poerdem votos e parlamentares, o BNG sobe e IU-Anova aparece em cena com um ou dous deputados.
Moça, repara na abstençom, nos votos em branco e nulos. Por descontado som a força maioritária, a que mais cresceu, é paralela ao descontentamento e malestar na rua. A gente já nom confia nos políticos (triquilhantes) profissionais, dá o mesmo a cor política.
Bom, a fraqueza do estado nom está só na resposta soberanista das três naçons históricas oprimidas polo Estado espanhol. Senom também na resposta do movimento popular às suas reformas e recortes. Nom há um só dia que milhares de pessoas nom saiam à rua a manifestar-se, ao longo e largo do Estado, cada dia com mais contundência e decisom.
Há mais manifestaçons e mais maciças e radicais que nunca, nom se lembra outro período igual. Destaco a de "Rodeemos o Congresso", onde a brutalidade policial foi tal que ficou de manifesto a política fascista das autoridades. A lembrou-me a época dos "grises", talvez nesta ocasiom golpeavam com mais sanha e ódio. Está claro que dá o mesmo. De azul ou de cinzento som os mesmos cans ao serviço do grande Capital e dos políticos fascistas.
Também é de destacar as mobilizaçons da Catalunha, Euskal Herria e Madrid contra o dia da "Hispanidade" e de exaltaçom da bandeira facha. Onde os mercenários da porra e as bolas de borracha voltárom cargar contra as concentraçons de esquerda, enquanto protegiam os fascistas.
Os ministros fascistas cada dia sacam mais peito e já nom se cortam em dizer em público o que sempre dixérom em privado. Nunca Franco foi tam claro como Wert ao afirmar que há que "espanholizar a juventude catalana". Cada vez que falam os ministros de Interior, Justiça e o próprio Wert sobe o pam, e espalham a sua ideologia reacionñária cumha naturalidade que é para começar a preocuparmo-nos. Há que pará-los!
Por todas estas cousas, e outras, é para ter a moral e os ánimos polas nubens. Estam-se produzindo acontecimentos a velocidade de vértigo. Nunca antes se produciam tantas notícias nem tam variadas. Estou seguro que sopram ventos de mudança, ar libertador, quando todo semelha estar perdido aparece a luz ao final do tunel.
O sofrimento é necesssário para que os povos tenham dignidade e esperanças num futuro melhor, sem sofrimento e sacrifício nom há nada, inclusive no ámbito pessoal. Se nom te sacrificas, se nom sacrificas uns fins de semana sem sair nom aprovas, e se nom aprovas nom sacas a carreira. Mas quando entregam o diploma nesse instante a satisfaçom é tal que já nom te lembras para nada dos sofrimentos, é mais, dá-los por bem empregues.
Pois na luita política é o mesmo processo. Estamos sem trabalho, sem dinheiro, sem futuro, sem perspetivas... precisamente por todo isto é necessário sacrificar-se, arriscar e luitar. Já nom temos nada que perder, salvo as cadeias, a partir de agora só podemos ganhar, pior nom vamos estar.
Quando as cousas tocam fundo, só a partir de aí podemos começar a remontar. Se somos importantes fora também o somos aqui dentro, somos umha bandeira que removemos consciências, agitamos um facho para que a luita nom morra. Somos parte de umha luita necessária e justa; somos umha parte dessa luita geral do povo galego. Nom nego que nom seja dooroso olhar através dos barrotes como um filho cresce, como um neno se converte em homem, e tu afastado de ele a centos de quilómetros, mas mais dooroso é olhar como sangram o teu país, como pisam os teus direitos, a tua língua, a nossa cultura, as nossas tradiçons milenárias.
E como milhares de crianças começam a estar mal alimentadas; como milhares de pais e maes estám desesperadas e submergidas numha tremeda depressom porque nom som capaces de sacar o fogar adiante, nom sabem nem podem chegar a fim de mês. Hoje mais que nunca é necessária a luita revolucionária dos povos para libertar-se do jugo capitalista. Nom nos fica outra. Isto ou converter-nos em verdadeiros escravos, sem direitos, sem dignidade e sem perssonalidade.
"Antes ques er escravos,
irmaos, irmaos galegos
que corra o sangue o rego
desde a montanha o val"
Já viste o "curtos" que fica´rom com aminha petiçom fiscal. Dez anos por queimar umha cadeira, umha mesa e um computador. A Miguel também lhe pedem bem, cinco anos. Importa-lhes bem pouco o que se queimou, é um processo político e pedem o máximo que as suas próprias leis permitem. Nom, essa petiçom, nom me amilana, ao contrário, dá-me mais forças e razons para continuar adiante, quando o inimigo ataca com tanta contundência quere dizer que estava fazendo bem o meu trabalho político.
O inimigo tem as cousas claras, o mau é que os dirigentes da CUT nom o vem assim. O medo e a sua covardia nom os deixam olhar mais alá do seu umbigo.
Concordo contigo que em Madrid, Catalunha, Euskal Herria e inclusive Astúrias, o movimento vai uns passos por dianet da Galiza, mas chegado o momento também nós nom vamos ter mais remédio que menear-nos. Já o figemos noutras ocasions e desta nom vai ser menos.
Agora nom concordo contigo que o importante é "pararmos o PP", essa palavra de ordem é desviar a atençom do verdadeiro objetivo. O principal inimigo do povo galego nom é só o PP. O principal inimigo é o sistema imperialista espanhol, e dá o mesmo que o gestione. Hoje está o PP, anes estivo o PSOE a amanhá pode estar IU ou qualquer outro. Mudam os gestores mas o sistema segue inalterável. Na GAliza já estivemos governados polo tandem PSOE-BNG e o País continuou colonizado igual, já o di a palavar de ordem "BNG, PSOE, PP, a mesma merda é" berrada em múltiplas manifestaçons.
O eleitoralismo é umha válvula de escape para o descontentamento popular, é umha arma eficaz nas maos da burguesia. Com ele da a entnder ao povo que é ele o que decide, com o seu voto, as reformas e os cortes que logo padece na sua própria carne.
A verdadeira democracia nom é introduzir umha papeleta numha urna cada certo tempo, como machaconamente nos querem fazer acreditar. A verdadeira democracia é ter voz e poder decidir sobre os temas mais importantes, tanto de ordem pública, de justiça, militares, económicos, de saúde, ensino, etc.
Nesta sociedade nom é com votos como vamos a solucionar os graves problemas do País, só com a luita vamos a parar os recortes e defebnder os nossos direitos, assim como conseguir um maior autogoverno, nada nos vai ser entregado como presente.
As eleiçons só servem para mudar de gestores (governantes), mas a essência do sistema, o seu caráter explorador e opressor, vai a ser a mesma. Dá o mesmo que nos governe PP, PSOE, BNG, Anova, IU, CxG ... som meros gestores. Os que realmente decidem e mandam som a Banca, os monopólios, as multinacionais, os militares e a Igreja.
Deixemo-nos de paparruchadas, os partidos políticos nom pintam nada, ou seja, nom decidem nada sem o visto bom dos poderes económicos e militares, que som os que realmente mandam. Governe o partido político que governe nada vai mudar, já nos governárom diferentes partidos e diferentes líderes e todos e cada um governou sempre sob os ditados dos poderes fácticos (os que realmenet mandam) para eles e contra o povo.
Se queremos que algo mude temos que sacar à banca o poder, aos monopólios, aos militares e à Igreja. Assim sim que haveria umha mudança de verdade. Algum governo sacou os subsídios à Igreja ou deixou de ingressar dinheiro à banca, reduziu altos mandos ou salários ao exército? Consideras que algum partido se atraveria a fazé-lo? Algum programa eleitoral formula expropriar a banca ou sacar-lhe o poder os militares e à Igreja?
Sabes que sucede? Todos gostam de jogar à democracia, sentem-se seguros e cómodos, nom requere sacrifícios nem sofrimentos, a câmbio tenhem boas prebendas. Mas luitar já é outra cousa e si é umha luita revolucionária muito mais.
Depois destas eleiçons as cousas vam seguir como seguirom durante estes trinta anos de democracia bourbónica. Vai ser o mesmo que em cada umha das consultas eleitorais que houvo ao longo dos mais de trinta anos, ainda que passem cem anos vai ser mais do mesmo. Enquanto joguemos o seu jogo nada vai mudar.
Franco antes de morrer já manifestou que "deixava todo atado e bem atado". O fodido é que nós mesmos nos auto-enganamos, nom confiamos nesta democracia, criticamo-la, etc, mas em cada consulta eleitoral ilusionamo-nos e esperamos a mudança que nunca chega. Umha e outra vez jordem as ilusons pequeno-burguesas que levamos dentro. A maioria do povo nom acredita nas farsas eleitorais, mas consulta após consulta passamos polo aro. Por algo se di que o ser humano é o único animal que bate três vezes (e mil vezes também!) na mesma pedra. Desde o início da Transiçom política quantas eleiçons levamos? Pois, moça, nom aprendemos a leiçom e, por desgraça, tardamos tempos em dar-nso conta, o ser humano é mui complexo.
Um abraço.
Resistir é vencer!!
Cárcere de Topas, Salamanca, 14 de outubro de 2012