Segundo Dines, pouco antes da eleições, um texto do bispo Marcos Pereira, da Igreja Universal, chefe da campanha de Russomanno, circulou na internete. Um trecho dizia: "Precisamos salvar o Brasil e torná-lo verdadeiramente laico, livre da influência da religião."
O artigo avalia que a cúpula da Igreja Católica usou o texto para assustar os carolas de sua base, retirando votos de Russomano. Por essa explicação, venceu o conservadorismo católico, não o evangélico. E pode ter beneficiado a candidatura petista.
O conservadorismo também domina a cena eleitoral nas eleições paulistanas. De um lado, o quarto vereador mais votado foi o tenente Telhada. O ex-comandante da Rota tem fama de matador e teria ameaçado de morte um jornalista da Folha. É do PSDB, de Serra.
Do outro lado, os petistas têm o apoio de Paulo Maluf, que foi governador no início dos anos 1980. Época em que ele consolidou a vocação assassina da Rota. Como se vê, a violência contra os pobres está contemplada no segundo turno paulistano.
Por fim, duas informações quanto ao julgamento do "Mensalão" e à imprensa golpista. A primeira: oito dos onze juízes do Supremo foram indicados pelos governos petistas. A segunda: apenas dez empresas da grande mídia concentram 70% da verba publicitária do governo federal. O resto é dividido pelos 3 mil veículos do País.
O PT enfiou-se numa camisa de força conservadora. E vai se acomodando cada vez mais a ela.