No mundo da luta, uma das frases maquiavélicas mais fundamental de todos os tempos é esta: "SEPARAR PARA DOMINAR": No caso do movimento anti-nuclear isto significa que o movimento não pode ser "cego" para os outros problemas ecológicos ou sociais deste país e do planeta. Primeiro: Tudo está conectado. Da produção de alumínio e da mineração de minerais radioativos até a produção e exportação da soja e do frango congelado. A conexão é a necessidade de produção de energia elétrica em grande escala.
Segundo: Quando o movimento anti-nuclear torna-se "cego", por exemplo, à desastrosa construção de Belo Monte ou das barragens no Rio Madeira ou da trágica transposição do Rio São Francisco, o movimento anti-nuclear está enfraquecendo todo o movimento ecológico e social do Brasil.
Somente juntos somos fortes! Movimentos separados - isto mostra a longa história das guerras - são simplesmente fácil de eliminar. Ou, o que é mais importante neste século 21, é mais fácil de controlar e dominar. Porque até uma democracia falsa precisa de movimentos, mas claramente, movimentos bem controlados - tigres sem dentes!
Cada movimento ecológico "cego" para outros movimentos ecológicos está em risco de ser usado pelos inimigos - a indústria anti-ecológica e suas oligarquias e políticos. É muito simples driblar movimentos ecológicos que estão separados por este sistema destrutivo em que nós vivemos.
Quando o movimento anti-nuclear não tem uma posição clara contra Belo Monte, significa uma faca nas costas de todos que lutam já desde 1988 (incluindo eu) contra esta barragem contrária à humanidade.
O movimento anti-nuclear - igualmente como todos os movimentos ecológicos - não pode deixar uma porta aberta para mal entendimentos e para ser manipulado por outros interesses.
Não é possível ganhar a luta para um futuro sustentável sem riscos radioativos, quando o movimento anti-nuclear não se manifesta contra as lutas ecológicas atuais, como as lutas contra os transgênicos, contra barragens ou contra o roubo das terras indígenas.
Imagine se todos os companheiros contra Belo Monte não se manifestarem contra Angra 3, 4 ou 5. Imagine se todos os que são contra a monocultura da soja não terem nenhum problema com a construção da mina de urânio-fosfato em Santa Quitéria, no Ceará.
Só juntos somos fortes! Sózinho somos fracos! Quem falou que a luta é um passeio num shopping center?
Abraços para todos e todas
Norbert Suchanek, Rio de Janeiro