Som dúzias as lendas e contos bascos que se desenvolvem nestes dias. Nas jornadas de haize hegoa mostram-se as sorgiñas, essas meigas míticas do imaginário ancestral basco e qualquer cousa pode acontecer.
Chegam, pois, estes dias, do sur, notícias que tenhem de fazer-nos refletir, nom apenas a bascos, mesmo também a todos os povos do Estado e, por ende, da Europa. No sul da Península Ibérica assistimos a um dos maiores questionamentos do Estado capitalista nos últimos anos. É assim porque caminha-se face (já era hora) ao ponto fulcral do capitalismo, à propriedade.
O capitalismo é um sistema social e económico, que demonstrou capacidade dabondo para assimilar diversas formas de luita, das que nos dotamos as classes populares nesta questom que denominamos luita de classes. Dizemos bem, luita de classes, essa dinámica que nos anunciárom morta há 20 anos e que enquanto a repetimos tanto, polos meios de comunicaçom, mais dumha e dum que julga ser esquerdista, acreditou de vez e, por consequência, atuou.
Mas, o sistema capitalista e os seus políticos pagos por ele próprio, nom estarám conformes, nem ham de assimilar jamais mexerem a propriedade privada. Já dixo Azkuna, esse alcaide de Bilbau que há ficar na história como um dos mais reacionários que já Bilbau conheceu, alcaides franquistas incluídos. Azkuna, há um ano, após fortes incidentes no desalojo da Kukutza, sublinhou a linha vermelha que nom é possível ultrapassar.
- A propriedade privada nom se mexe. Assim, literalmente.
A propriedade privada dos meios de produçom, a propriedade privada dos bens estratégicos, de primeira necessidade, quer sobre terras ou imóveis para a especulaçom, como base do sistema capitalista que temos de padecer. E de mexerem estas "linhas vermelhas" das que falava Azkuna, mexes também todo o sistema nervoso do capitalismo questionando-o pola via da açom. Esse é mesmo o limite que nom está disposto a deixar ultrapassar. Podem permitir e legalizar manifestaçons, greves, assentadas... mas mexer a propriedade privada... isso nom.
É assim que, enquanto as e os companheiros do Sindicato Andaluz de Trabalhadores entrárom na loja e apanhárom alimentos sem pagar para ser repartida entre gente que o precisar, o Estado ficou grandemente excitado. Foi ultrapassada a linha que nom permitem atravessar.
Ficou nervoso porque som conscientes de que, os companheiros e companheiras andaluzes figérom tiro ao alvo e dérom em cheio na estratégia. Dizia um político do PNV, nas passadas semanas, que é preciso colaborar com Cáritas perante o que ele achava "um roubo". Do de Urdangarín nom dixo nada. Colaborar com Cáritas? É evidente, já que Cáritas nom é mais que o rosto "bom" do capitalismo, que numha mao guarda um anaco de pam para che oferecer e noutra pom um crucifixo enquanto pede resignaçom perante o roubo em larga escala que é o capitalismo.
Pois, é mesmo, a chave de nossa libertaçom como classe está em roubar. Quer dizer, doutro jeito que nom semelhe um apelo à delinquência comum. A chave está em questionarmos à propriedade privada dos meios de produçom, e demais bens estratégicos e de primeira necessidade com os que jogam e especulam os capitalistas e atuarmos em consequência, quer dizer, confiscá-los às classes explotadoras e especuladoras e proceder a coletivizá-los ou socializá-los. O ABC do socialismo. Do socialismo marxista, queremos dizer, é óbvio.
E o Estado ficou nervoso ante as açons do SAT, porque sabem que criam consciência e podem criar também um efeito dominó. E hoje som apenas, as e os companheiros do SAT, mas amanhá centenas de pessoas a acharem preciso este tipo de açons questionando o capitalismo e o status quo.
O día que a imensa maioria da classe operária e outros setores populares tomemos consciência disso e por conseqüência atuemos, o sistema capitalista tem os dias contados.
Fica nas nossas maos.