O golpe de estado no Paraguai e a opção de Dilma Roussef, cada vez mais acentuada para a direita, fazem da Venezuela bolivariana o bastião de resistência e sustentação de uma perspectiva à esquerda e de independência, inclusive para países como a Bolívia e o Equador.
Esse último, o Equador, entrou na lista do "eixo do mal" dos EUA desde que o presidente Rafael Corrêa decidiu conceder asilo ao fundador do site WIKILEAKS, Julian Assange, inimigo público número um dos norte-americanos.
Repete-se a guerra midiática das eleições anteriores quando pesquisas tentam confundir o eleitor tanto na Venezuela, como fora do país, sugerindo até a possibilidade de tentativa de fraude e golpe de estado contra Chávez.
Os números, desde o início da campanha mostram larga vantagem de Chaves o que levou os norte-americanos direta ou indiretamente, através de empresas, bancos, o conglomerado que controla Washington, a aumentar os gastos com a campanha de Capriles e as tentativas de tumultuar o ambiente.
Se a política externa de Lula refletia um lado positivo do seu governo, neoliberal na essência, neste momento o Brasil é um dos aliados mais submissos dos EUA, ainda que Dilma faça força para parecer o contrário, ou simplesmente, sumiu do mapa a tal política externa independente.
Às voltas com a crise econômico financeira que abala o mundo capitalista, a presidente do Brasil não vacilou um instante sequer em buscar o receituário tucano, privatista para tentar evitar a débâcle de seu governo e isso significa fingir independência, enquanto aceita as regras impostas pela Casa Branca e o que a Casa Branca representa, ainda mais com a possibilidade de Barack Obama não ser reeleito.
A explosão numa importante refinaria da Venezuela um mês antes das eleições soa como sabotagem e tentativa de incriminar o governo de Chávez, abrindo espaços tanto para o crescimento de Capriles, não tão certo, como para ações terroristas e golpistas contra o governo bolivariano.
A recuperação do presidente venezuelano dado como morto depois de identificado um determinado tipo de câncer e a forma como Chávez conduz a Venezuela e sua campanha, mostrando pleno vigor, frustraram planos imediatos tanto dos EUA e seus aliados alinhados com Capriles.
Há uma clara intenção de derrubar Chávez se possível no voto (o que parece improvável), se necessário através de ações golpistas.
É dessa forma que os norte-americanos imaginam mais à frente varrer com o regime de Corrêa e Evo Morales (Equador e Bolívia) e se assenhorearem tanto do petróleo venezuelano, como do controle político dessa parte do mundo, hoje chamada de Grande Colômbia.
Nesse processo todo o Brasil virou apêndice. O PT desmancha-se, por sua cúpula, até uma chance de luta interna entre Lula e Dilma já começa a se manifestar com a possível pretensão do ex-presidente de disputar as eleições de 2014 e voltar ao poder, contrariando a vontade de Dilma, de vir a ser reeleita.
Dilma a cada momento se torna o "poste" complicado que Lula criou, alimentou e elegeu.
Hugo Chávez não significa só petróleo. É o principal aliado do Irã num contexto mais amplo. Resiste às investidas do capitalismo internacional sobre seu país, transforma-se no principal líder latino-americano a se opor a essa chamada nova ordem mundial, o terrorismo nazi/sionista de Israel e EUA e abre caminhos para a continuidade de governos bolivarianos na região, como pode significar avanço para forças populares em toda a América Latina.
Derrubar Chávez de qualquer forma é uma decisão de Washington.
Resta saber se os venezuelanos permitirão que todas as conquistas dos últimos anos sejam varridas num segundo de um eventual governo de direita. Saúde, educação, reforma agrária, participação popular, uma Venezuela diferente daquela legada pelos partidos tradicionais.
O significado da Venezuela hoje é maior que o do Brasil, que seria o líder natural da América Latina, ainda que eventuais discordâncias ideológicas se possam manifestar em relação ao movimento bolivariano.
Em 7 de outubro os venezuelanos irão optar entre voltar ao modelo antigo de domínio das elites políticas e econômicas varridas pelo chavismo, ou continuar a buscar a construção de um modelo socialista peculiar, até abrindo oportunidades para ampliação desse processo e participação de outras forças à esquerda.
O que virá depois, as chances de reeleição de Chávez são muitas vezes maiores que uma vitória da oposição, é uma incógnita. Mas um novo mandato presidencial para o líder bolivariano frustra planos norte-americanos para a América Latina, mesmo tendo conseguido domar a suposta onça, no caso o Brasil.
Por incrível que pareça remover Chávez do poder implica também em abrir espaços para uma invasão do Irã. Os líderes israelenses têm as mãos aos gatilhos de seu arsenal e coçando para marchar em direção a Teerã, mesmo sabendo do alto custo e das possibilidades de derrota militar.
Escrúpulos, preocupações morais com esse tipo de "coisa" não faz parte nem da história dos EUA ou de Israel, não têm a menor importância para esses países no projeto de uma espécie de governo mundial, o que soa como IV REICH.
Por esses motivos e por essas razões para as forças populares latino-americanas e para países que ainda resistem a esse REICH, a vitória de Chávez e a garantia de seu governo são essenciais.