Os primeiros bloquearam estradas, paralisaram o tráfego e provocaram algum desabastecimento. Os motociclistas fizeram manifestações em grandes cidades, aumentando o já costumeiro caos do trânsito. As duas categorias protestavam contra mudanças na legislação que lhes trariam prejuízo.
Alguns profissionais da grande imprensa chegaram a dar razão aos manifestantes. Mas reclamaram do "método". Não deveriam ter atrapalhado a vida daqueles que nada tinha a ver com as medidas. O fato é que os atingidos só foram ouvidos depois de partir para a ação. Antes disso, ficou tudo restrito aos gabinetes dos parlamentos e governos.
A grande mídia faz sua parte silenciando sobre questões como estas. É o que ocorre com as greves. Elas praticamente só aparecem nos boletins de trânsito, ao promoverem passeatas e manifestações. E o tom é sempre o de condenação: "atrapalham a vida do cidadão comum", dizem. Pouco ou nenhum detalhe sobre as reivindicações, os problemas profissionais, a realidade salarial dos grevistas.
Isso tudo é produto de uma imprensa monopolizada e a serviço dos patrões. As greves no setor público, por exemplo, são apontadas como resultado de um "Estado ineficiente" que "paga altos salários a gente incompetente". Discurso que os vários governos, do federal aos municipais, de oposição ou não, aceitam docilmente.
Bem feito pra nós. Continuamos sem um projeto de comunicação popular, rendidos à lógica da grande mídia e com as orelhas a queimar.