O Estado espanhol nom foi democrático desde 1936, em que um criminal e sua ninhada de sediciosos abandeirou um cruel e violento golpe de estado que desembocou em milhares de assassinados/as polas hordas fascistas, e outros tantos milhares de exilados/as e encadeados/as.
Todo este conto do começo em 1977 dumha nova época na história do Estado espanhol e que foi devagar acreditada polo povo até estes dias, era iso, apenas um conto com o qual, os franquistas se consolidárom no poder político, com certeza, deixando gerir esse poder os seus filhos transvertidos do PP e/ou numha social-democracia direitizada e corrupta. Todo o que ocorria no norte era culpa dum bando terrorista que nom tinha aceitado as normas democráticas espanholas, porque o Estado já era garante dumha democracia, na qual, em condiçons de paz, todo era possível.
É assim que só era possível atuar com contundência no norte, porque estavamos ante umha insurreiçom terrorista com as actuaçons na rua dumha juventude que praticavam o terrorismo de baixa intensidade. Essa era a mensagem do poder e essa mensagen repetida até ser assumida pola imensa maioria da populaçom do Estado espanhol, fora de Euskal Herria. O Estado garantia uns direitos e ninguém podia violentá-los.
Toda esta argumentaçom política vinha acompanhada dumhas condiçons económicas aceites por umha populaçom que ainda lembrava os "anos da fame" na pós-guerra. Todos tinhamos um avó ou umha nai que nos relatava aqueles anos e nos repetiam que "como agora nom se viviu nunca". O castelo no ar flutuava perfeitamente.
Para o cidadao/á espanhol médio, o/a que vivia fora da Euskal Herria, o Estado espanhol era umha potência económica e umha democracia consolidada que respeitava todos os direitos.
Por isso muitos bascos enquanto viajávamos pola Espanha e faziamos saber da realidade de "estado de exceçom" encoberto em que cá morávamos, da falta de garantias democráticas e da continua violaçom dos direitos humanos nesta terra, com a utilizaçom da tortura ou selvagens actuaçons policiais na rua, muitas vezes percebíamos com desespero a escassa ou nula credibilidade destes factos, falando mesmo de exageros. Isto nom acontece dentro das fronteiras da Espanha, comentário dumha pessoa em certa província castelhana. E se a policia espanca nas manifestaçons é culpa dos "jovens jarraitxus" que causam alvoroço e originam a violência. É assim que respondeu aquela pessoa.
Mas, a realidade é teimosa e os castelos no ar sempre acabam por se desfazer, já que um castelo no ar, é apenas isso...só ar.
Esse estado de bonança económica espanhola e essa suposta potencialidade do pais do touro e "La Roja" dissipou-se há uns meses. Umha economia baseada no tijolo e na especulaçom, nunca tem bases sólidas para resistir o devir dos mercados e, Espanha, nom demorou muito a vir abaixo. Nada fica hoje desses "novos ricos" que faziam milhons em quatro meses e nada fica hoje dessas classes médas, com mentalidade burguesa que dispunha dumha vivenda, moradia na serra, e um par de viaturas. E umha hipoteca de cavalo. E a hipoteca aí segue...o desespero começa a se apoderar desses coletivos, ao olhar sua acelerada corrida face a exclusom social.
O mesmo caso que em "Good Bye Lenine", genial ótimo filme, cujos protagonistas lamentam da traiçom que supunha para eles o passar ao capitalismo e perante uns contentores diziam... 40 anos trabalhando para isto... Iso é, apenas isso é o capitalismo...toda umha vida de trabajo para que a ditadura dos números e dos lucros bancarios te esfaqueiem polas costas.
E que dizermos da democracia espanhola? Olhar e escuitar a "senhora diputada" do PP dizindo "que se fodam" às e aos desempregados ilustra em 3 segundos de video a mentalidade dos herdeiros franquistas. "Que se fodam" e isso di a filha dum homem cuja honra está com grandes dúvidas para conhecermos se é um cidadao decente e honrado, como gosta de dizer a direita ou um simples ladrom engravatado que na diputaçom de Castelhom se dedicou ao furto puro e duro.
Perante este estatu quo, e o desespero que começa a emergir entre as citadas classes médias, estas já saem é rua. A paciência ficou relegada e estám dispostos quanto mais a protestar e exigirem responsabilidades. Acompanharom aos mineiros polas ruas de Madrid e forom espancados sem qualquer escrúpulo. Detidos e sangrando, olharom atónitos como a "democracia" que eles próprios defendiam até antontem nom era tal. Desta vez nom se tratava de ocupas nem de "jarraitxus" os quais era possível espancar e deter perante o silêncio das massas.
Qual é o motivo de me espancarem, se som democrata e apenas estou a protestar? Perguntavam alguns. Só tem umha resposta essa questom, espancam-te e detenhem, com certeza, é mesmo assim, por seres democrata e exerceres o direito a protestarem.
As massas e a maioria da populaçom do estado estivérom mais de 30 anos enganadas e anestesiadas num sonho feliz no qual achavam viver num estado forte no económico e no político. Começam a acordar e já andam a perceber que o Estado nom era forte no económico. Que nom é democrático também começam a perceber, através de desmesuradas cargas policiais, lançamento de bolas de borracha, malheiras com cacetes e injustificáveis detençons. E acabam de acordar. Que nom lhes farám quando estiveremm já em cheio conscientes e acordadas e conscientes de que moram num Estado fascista?
E é que enquanto um estado permite lançaçrem bolas de goma e fire cativas de 11 anos ou detém impunemente a idosas como pudemos olhar há pouco, e o que fica por olharmos, a esse estado só é possível ser qualificado de fascista.
Os bascos e bascas percebemos isso há muitos anos. Nom lográrom espanholizar Euskal Herria, mas vam basquizar Espanha e a mesma medicina que aplicárom no "norte" tenhem disposta para o conjunto dos povos do Estado e suas classes populares.