O sentimento é cada vez mais de uma ditadura ligeira que, no fundo, é pesada demais. O fascismo está claramente morto, pelo menos o do fascio de Mussolini, o autoritarismo está vivo e sem uma cara a quem possamos apontar o dedo, ou a arma. Os supermercados mobilizam mais pessoas com os seus 50% de desconto em dia de feriado do trabalhador, que uma manifestação de cariz libertário e não-partidário tem mobiliza. As soluções e alternativas ao determinismo da economia e do estado (e da troika) são desalojadas, embora o sonho permaneça nas ruas. Mas não está na altura de juntar as tropas, dizem-me. Talvez com alguma razão.
Mais que nunca admito que está na altura certa para aplicar a reflexão de cada um de nós, à divulgação inteligente e despertadora de novos ideais. Eu já não acredito em nenhuma cara que me apareça mediática. Eu não sinto, há muitos anos, que quem “representa” a minha gente, que o meu “governo”, seja verdadeiramente. Não são governadores legítimos, porque não são governadores. E para que é que eu preciso de um governo sem gente legítima?
As ideias são muitas e muitas são as pessoas que as espalham, livres de cores ou bandeiras... os movimentos sociais irrompem, o que me anima a acreditar que estar-se-á a formar um movimento cada vez mais inteligente – uma corrente de movimentos que, de uma vez por todas, perca o preconceito e o amor ao partido.
O futebol, que anima as gentes, ocupa grande parte do espaço publicitário e, por consequência, público. O esforço e gasto intenso de uma selecção forjada para unir o rebanho é-me cada vez mais estrangeiro e sem sentido. O mesmo factor que serviu para pôr bandeiras espanholas nas janelas das/os galegas/os e das outras nacionalidades inseridas em território estatal espanhol, procura calar as vozes que nos últimos 2 anos têm gritado demasiado. Os sistemas repressivos e autoritários funcionam por dois principais lados – o de nos reduzir o poder de compra (de vida) e a oportunidade de emprego, e o de nos espancar quando nos manifestamos. O país que todos afirmam ser um país de pacóvios, separou o trigo do joio – deste lado das barricadas estão os que não são pacóvios mas, no topo, eles permanecem.
O 25 de Abril morreu. Ars Morendi, como nos dizem a malta do Colectivo Negativo na sua maravilhosa performance que já corre a ibéria. E os processos de adaptação a um socialismo falso, colocaram na frente de camponeses e gente da urbe (que há pouco tempo eram também os camponeses), homens de gravata e democracias (socialistas, democráticas, tão cristãs). Os órgãos de representação secreta da opressão são hoje órgãos públicos, e os escândalos são hoje uma necessidade para manter vivos os media e a imprensa cor-de-rosa e incompetente. Qualquer meio de informação fidedigno e pouco tendencioso está limitado a um círculo restrito de pessoas interessadas.
Ninguém faz a revolução de barriga vazia. Não estamos na altura para romantismos. Estamos na altura de reconhecer, como tantos o sabem, que somos estes todos que deveremos construir o nosso próprio futuro! Está nas nossas mão o nosso futuro e apenas podemos construi-lo sem esperar nada de mais ninguém.
Um abraço sincero a todos/as.