A doença de Chávez seria o pretexto para o golpe, a alegada incapacidade do presidente para governar.
O plano golpista conta com a principal colônia dos EUA na América do Sul a Colômbia, a despeito dos crescentes protestos populares em Bogotá e em todo o país a favor de uma negociação de paz com a guerrilha (FARCs-EP e ELN). Colombianos percebem a gradual ocupação de seu país, o aumento desordenado e estúpido da violência oficial, começam a enxergar que governo, forças armadas e paramilitares são os donos do tráfico de drogas e por isso a paz não interessa e os paramilitares, o instrumento dos Estados Unidos para a intenção golpista contra Chávez.
A retomada da América Latina como um todo é que o Washington quer.
Onde o Brasil entra nisso?
A política externa do governo Dilma Roussef não deu sinais ainda que pretenda mergulhar fundo na integração de países latino-americanos. A rigor, a presidente não fala sobre o assunto, exceto o trivial em encontros de presidentes latino-americanos, mas seu chanceler Anthony Patriot tem estreitas ligações com Washington e sua política é conduzida com absoluto pragmatismo dentro da concepção neoliberal de mundo globalizado.
A acrescer, o Brasil hoje está inserido no Plano Grande Colômbia que inclui a Amazônia Brasileira e abre espaços para um maior controle do País pelos reais donos do mundo – EUA e Israel.
Se no "capitalismo a brasileira" que Lula inventou e com ele procurava comer o mingau pelas beiradas, no governo Dilma, o Brasil está sendo engolido pelas beiradas. Há um consentimento tácito das forças armadas com essa situação e a volta do acordo militar Brasil-EUA coloca nossos militares dentro de um grande manto com o qual os EUA pretendem envolver e controlar toda a América Latina afastando governos considerados hostis.
Chávez é o primeiro alvo de Washington.
A crise europeia tem a ver de forma direta com o Brasil e a América Latina. As atitudes de Dilma Rousseff em termos de política de juros, incentivo de programas sociais, são paliativas em relação à necessidade de mudanças estruturais no modelo político e econômico brasileiro. Empurra para a frente, adia a consciência da realidade.
Uma espécie de resposta do governo brasileiro a pressões da União Europeia – especificamente a Alemanha – sobre as relações com o MERCOSUL e a temas como as intervenções dos governos da Argentina e da Bolívia em empresas espanholas, país que vive um desmanche com índices de 25% de desemprego e nenhuma perspectiva a curto ou médio prazo. Exceto caçadas do rei franquista.
A situação na Grécia e a convocação de novas eleições – o povo grego rejeitou as medidas de austeridade impostas de fora para dentro a um governo títere dos banqueiros – sinalizam na vitória de partidos à esquerda e o governo de Ângela Merkel já admite que a Grécia possa abandonar o que chamam de zona do euro, causando um estrago maior que os até agora anotados.
A própria Ângela Merkel foi derrotada em duas eleições regionais e uma delas numa região de grande porte, o que importa em voltar-se para dentro e tentar impedir que seu governo vá para o espaço.
O sonho de um novo Reich, no entanto, parece estar desfeito, ou pelo menos tendo como centro Berlim. O eixo agora é Washington/Tel Aviv.
Nessa conjuntura e com o Oriente Médio despedaçado e sob controle militar dos norte-americanos e forças aliadas (Israel e militares de países como o Egito, a Jordânia, a Arábia Saudita e outros) a América Latina passa a ser o alvo prioritário dos Estados Unidos. E a China, lógico, neste momento sendo colocada sob cerco de bases militares.
Por soluções que sejam encontradas para a crise que abala a União Europeia e de curto prazo, a médio e longo prazo o pipocar de situações como a da Espanha, Grécia, Portugal, Itália e sinais em outros países deve demolir governos e nisso um protagonista que entra em cena e não deixa de uma incógnita, já que um grão de areia que seja, abala a combalida zona do euro. Falo de François Hollande, presidente da França e que na terça-feira mesmo foi conversar com a chanceler alemã.
Jean Marc Ayrault foi designado primeiro-ministro na França e a imprensa registra que uma das razões de sua nomeação foi sua forte ligação com a Alemanha e o governo alemão. O novo primeiro-ministro é ex-professor de alemão. A economia francesa é uma das que enxergam sinais de crise, vive um processo de estagnação.
Nesse contexto todo o Brasil passa a ter necessidade de decisões que garantam possibilidades mínimas de avanços políticos e econômicos e isso significa enfrentar touros bravios como o novo Código Florestal, tirar o País da condição de grande exportador de matérias primas, promover a reforma agrária e fugir do golpe branco de bancos, corporações e latifúndios, nessa miscelânea de interesses de acionistas do Estado instituição, que se faz representar no Congresso, entre outros, por bancada ruralista, bancada evangélica, além dos tradicionais partidos de direita.
As articulações de FHC no exterior – recebeu um prêmio nos EUA, foi à Venezuela "orientar" o candidato de oposição a Chávez – mostram que, ainda que a importância do ex-presidente seja mínima no Brasil, até mesmo em seu partido, o PSDB, sua capacidade de formular políticas golpistas e privatistas permanece intacta e vigorosa com o apoio de Washington.
A escolha é simples. Ou vamos ser potência de ocasião, ou seja, supostamente fortes num determinado momento, para mais à frente capitular diante da realidade imposta ao mundo pelos EUA e Israel.
Por que Israel nessa história? Os grupos nazi/sionistas que controlam aquele país, mesmo debaixo de uma crescente oposição interna, são os mais fortes eleitores especiais dos EUA, ou seja, aqueles com imenso poder econômico e financeiro para alavancar realidades e delírios da nova ordem internacional. A turma de Wall Street e do grande negócio de hoje, a guerra.
A crise europeia afeta diretamente o Brasil. As respostas do governo Dilma Rousseff, no entanto, não fogem ao modelo e a integração latino-americana corre sérios riscos com os objetivos intervencionistas de Washington.
O próximo barril de pólvora a explodir pode ser a América Latina. Os EUA eliminam riscos à sua política de controle do mundo e repartem o botim com a Europa.
Não há saída dentre desse modelo político e econômico, até porque o governo Dilma segue a risca o receituário neoliberal com vagidos de políticas sociais que não transformam a realidade do Brasil.