A situação seria resultado de vários fatores. Um dos mais importantes, a capacidade inovadora de concorrentes como a Google. E qual seria o segredo da Google? Provavelmente, a rotina de trabalho que a empresa adotou para seus funcionários.
Horários flexíveis, jogos, brincadeiras, prêmios generosos, espaços amplos, arejados e informais. Tudo para possibilitar um ambiente que estimule a imaginação da equipe de criadores da empresa. O fato é que a Google tenta dar sua resposta a um antigo e sério problema do capitalismo.
Há mais de 100 anos, a substituição de trabalhadores por máquinas dá altos lucros aos patrões. Mas nada substitui a capacidade humana de inovar. E quem não inova é atropelado pela concorrência. É por isso que desde a década de 1970, buscam-se formas de trabalho que façam surgir soluções desenvolvidas pelos próprios empregados.
Nada disso, porém, era segredo para muitos críticos do capitalismo. Entre eles, o russo Lev Vygotsky, filósofo marxista. Em 1930, ele escreveu:
Se no princípio o indivíduo foi transformado em uma fração, no executor de uma função fracionária, em uma extensão viva da máquina, então ao término, as próprias exigências da indústria requererão uma pessoa plenamente desenvolvida, flexível e que seja capaz de alterar as formas de trabalho, de organizar o processo de produção e de controlá-lo.
No entanto, Vygotsky avisa:
... a essência de toda esta discussão consiste no fato que esta dupla influência de fatores inerentes à indústria de grande escala sobre o desenvolvimento pessoal do homem, esta contradição interna do sistema capitalista, não pode ser solucionada sem a destruição do sistema capitalista de organização industrial.
Ou seja, cedo ou tarde, a capacidade de inovação de empresas como a Google choca-se com os limites do sistema. Trabalho criativo, mesmo, só com controle da produção pelos produtores diretos. Algo incompatível com o capitalismo.
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