Nada poderia ser mais errado.
De fato Bilbao, maior cidade do País Basco, fica no Estado Espanhol - não pela vontade da maioria dos bascos, claro -, porém sua população se identifica majoritariamente como basca e não como espanhola, sendo este nome usado apenas, por exemplo (e por força maior) nos passaportes dos cidadãos quando resolvem sair do Estado Espanhol.
Característica máxima do Athletic, aliás, é o fato de NÃO aceitar jogadores que não sejam bascos, e isso inclui qualquer cidadão espanhol ou do Estado Espanhol (como catalães e galegos), e há uma enorme diferença entre dizer simplesmente "Espanha", que por vezes faz relação direta com a ideia de uma nação e "Estado Espanhol", que indica um Estado com múltiplas nações/identidades em seu interior.
Não cabe aqui discurtir se isso seria uma forma de racismo, pois esta piada já foi desmistificada há muito tempo, apesar de esporádicas tentativas de se trazer o assunto à tona. O Athletic representa a resistência de uma minoria oprimida e não uma forma de supremacismo tosca.
É difícil esperar inteligência da grande mídia brasileira, aquela que cita o País Basco apenas para falar em terrorismo e a ETA - ao mesmo tempo em que esconde o terrorismo estatal contra os bascos -, mas a coisa beira a má fé com a insistência em chamar de espanhol um time que jamais aceitou ou aceitará que um espanhol jogue em suas fileiras!
A coisa complica mais ainda quando vemos que o Athletic, mais que simples time, representa a identidade nacional basca - ou ao menos Bizkaína -, sendo mais que uma paixão, mas a representação no futebol da identidade nacional de um povo e de sua resistência contra a opressão.
É uma completa falta de respeito e de capacidade jornalística continuar no erro de chamar os jogadores e o time de "espanhóis", quando não o são.