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Andoni Baserrigorri

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Feijoada no ponto

O diário 'Público' e Ho Chi Ming

Andoni Baserrigorri - Publicado: Sexta, 30 Dezembro 2011 00:27

Andoni Baserrigorri

Dim que enquanto alguns meios e pessoaas te difamam, é cousa de se sentir orgulhosa ou orgulhoso.


Orgulhosas e orgulhosos dumha trajetória exemplar, que molesta os poderosos, mas ainda mais, molesta os lambecus dos poderosos.

Estes últimos, os tristes graxistas dos poderosos, os que lhes coçam a barriga para medrar e para atingir prebendas, costumam ser mais virulentos e intolerantes que os mesmos direitistas. Dizia-me um amigo há uns dias que nom há pior anticomunista que um ex-militante comunista. Nem maior reacionário que um que passou parte da sua vida militando em causas perdidas. Estes elementos um dia veem a luz, recapitulam sobre a sua vida e descobrem que todo lhes correr melhor sendo um cidadao "honesto", dos que nom questionam nada, vitoreiam o governante de serviço e fam a totobola com a esperança de se converterem em novos ricos e poderem conviver com quem fora o seu pior inimigo.

Nom tem remédio. Eram arribistas e olhando que o lado esquerdo da subida nom os leva ao topo, optam por apanhar o lado direito. Definiu-nos de jeito correto Aute na cançom "La Belleza". Mais que náuseas dam tristeza. Nom tocárom nem um instante a beleza e hoje estám a milhas náuticas de tocar nem que fosse minimamente, nom a beleza, mas a mesma decência.

O diário "Público" parece ser o jornal mais à esquerda de informaçom geral no Estado espanhol. Com as suas coleçons de filmes e livros progressistas e a venda dumhas camisolas republicanas oferecem o verniz de jornal alternativo. Referência de muitas sensibilidades de esquerda, mas acaba por se definir polo seu pró-PSOE, que bem mascarado com as coleçons antes mencionadas, fam com que a sua linha editorial nom seja tam descarada. O que sim é descarado é seu apoio à Esquerda Anticapitalista (Oh, Casualite!!) grupo extraparlamentário que se nutre do mais ressentido e reacionário do que foi a LCR e outros setores nom menos sectários. É assim que, no tema basco, o jornal "Público" se situa do lado do Estado e segue a versom do Estado democrático espanhol e do terrorismo basco. Tinha que ser. Esse é o diário "Público" e nada mais, e quem achar que estamos diante dum jornal alternativo, também pode acreditar na capacidade dos burros para voarem.

Na segunda-feira passada, o jornal "Público" fazia-nos um presente, com umha notícia de opiniom dum tal Manuel Ansede e intitulada "Embalsamar um ditador" em que este juntaletras falava e parolava sobre a possibilidade de embalsamar o recente falecido Kim Jong Il. O pior de seu trabalho, em sí próprio péssimo e enchido de tópicos dos jornais de direitas que repetia como um papagaio é que, fazendo história de "ditadores" embalsamados, fazia referência a que, quer Franco, quer o Ho Chi Ming também foram. Numha palavra, comparava Franco com Ho Chi Ming e referia-se ao presidente do Viet Nam como "ditador".

A este haverá que lhe oferecer aulas de história. E também de ética E se nos pomos, até de educaçom.

De educaçom, já que há que ter muito pouca vergonha para comparar Franco com Ho Chi Ming.

De ética, porque está fora de toda deontologia profissional fazer este tipo de manifestaçons dumha forma tam gratuita. Ninguém duvida no mundo inteiro que Franco foi um ditador fascista. Ninguém duvida no mundo inteiro que Ho Chi Ming foi quem liderou a luita do povo vietnamita para se libertar do colonialismo francês primeiro, e do norte-americano depois. Ninguém.

E de história. Franco foi um criminal espanhol, um militar fascista que protagonizou mantanças em Astúrias e Marrocos para servir ao capitalismo militarista e colonial espanhol. Era um criado, nom mais, do Estado. Traidor até a medula, declarava-se fiel à república enquanto organizava junto com outros militares fascistas o golpe que deu lugar à denominada guerra civil espanhola. Após o trunfo deste golpe e seu ascenso ao poder absoluto, alinhou com Hitler e Mussolini, a favor dos fascismos europeus. Durante quase 40 anos, martirizou o povo, mantendo umha tirania que se despediu com cinco execuçons. Esse era Franco.

Ho Chi Ming era um patriota vietnamita que sofreu cadeia e torturas na primeira parte de sua vida por parte dos colonialistas franceses (amiguetes de Franco). Após sair da cadeia, tivo que luitar contra a ocupaçom japonesa primeiro e de novo francesa depois. A sua vida foi umha intensa luita por libertar a sua pátria do domínio estrangeiro.

Como já sabiam os norte-americanos que 80 por cento dos vietnamitas iam votar em Ho, criárom o Estado fantoche do Viet Nam do Sul, que nom passou de ser umha ditadura fascista mantida polos Estados Unidos para conter a República do Viet Nam que fundou Ho e que tinha um caráter socialista. Como nom podia ser doutro jeito, os americanos desencadeárom umha guerra, longa e cruel, em que morrêrom milhons de pessoas e na qual utilizárom as armas mais cruéis de que dispunham.

Ho Chi Ming morreu em 1969 sem poder ver o definitivo trunfo da República que ele fundara. Os Ianques tivérom que sair correndo do Vietnam e a República fundada por Ho impingiu ao Império a sua primeira derrota.

Esse homem foi Ho Chi Ming. Como se pode comprovar umha personagem "parecidíssima" com Franco. Por umha parte, um libertador do seu pais, um patriota querido e respeitado polo seu povo e, por outra, um magarefe fascista.

Esta é a comparaçom que se atreveu fazer o jornalista de serviço de "Público", este tal Manuel Ansede.

Está complexada a esquerda espanholista e acabou. Nom pudérom com Franco e permitírom que morresse no leito. Ao invés da esquerda vietnamita, que como cantava Carlos Puebla tivo o "coraçom" muito grande para libertar a sua pátria. De se confrontar ao tiranos e de ganhar. O que nom foi quem de fazer a geraçom que lê "Público". Esse é o problema. É assim que se atrevem a denominar Ho Chi Ming de 'ditador'. Que mais quereriam os pobrinhos que tivesse havido um Ho Chi Ming em confronto com Franco? Pobres, que ladrem, porque nom ofende quem quer e sim quem pode. E eles... nom podem.


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