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Carlos Morais

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Milho maduro

''Acción y clase''

Carlos Morais - Publicado: Segunda, 12 Dezembro 2011 01:00

Carlos Morais

A crise económica que progressivamente vai golpeando cada vez mais setores do povo trabalhador galego vai acompanhada da crise de representaçom do regime bourbónico espanhol.


A casta política está cada dia mais desprestigiada. A corrupçom generalizada é um dos elementos definitórios dos profissionais da política institucional. Após mais de trinta e cinco anos de democracia burguesa, som cada vez menores as diferenças discursivas e de aplicaçom de linhas políticas entre as forças denominadas de direita e "de esquerda".

A recente divulgaçom do património declarado polos deputados e deputadas do parlamentinho do Hórreo, assim como também polos membros do "conselho de gestom" da Comunidade Autónoma (o governo de Feijó), nom apresenta surpresa algumha. Reproduz o que já se sabia. Tal como nas Cortes espanholas, a imensa maioria da casta política é formada por pessoas com muito dinheiro, muitos bens e muitas propriedades. Nom representam, portanto, a maioria social deste país.

Porém, este reduzido grupo elitista nom se conforma com os privilégios e altos salários que recebe do erário público. Quer mais. Sempre quer ainda mais.

A poucas semanas de um novo pacote de ajustamento neoliberal que pretende, entre outras muitas cousas, implementar um plano de emprego juvenil que contempla salários inferiores ao SMI, ou a reforma integral da negociaçom coletiva para disciplinar ainda mais a classe obreira, @s 75 que ocupam o Hórreo recebem verbas que oscilam entre os 4.500 e 9.500€. Umha obscenidade quando as fontes oficiais já nom podem maquilhar que umha boa parte da classe trabalhadora galega nom atinge os 1.000€ mensais, e mais de um quarto de milhom da populaçom ativa está desempregada.

Os dados difundidos nom contribuem para restabelecer confiança algumha nesta casta. Antes reforçam a difundida opiniom popular de que som umha cambada de ladrons sem escrúpulos, que estám aí exclusivamente para se enriquecerem eles, as suas famílias e círculos próximos. Para fazerem suculentos negócios.

A desconfiança e a fenda entre povo e representaçom política é muito grande. Porém, ainda nom atingiu o grau suficiente para avançar face umha ruptura que gere a necessidade de a substituir, botando-a para o lixo da história. O nível de participaçom nos processos eleitorais segue a ser muito elevado. Nom se corresponde com o divórcio quotidiano existente entre política e povo. Eis umha das contradiçons mais relevantes da atual fase histórica da luita de classes e nacional na Galiza.

Falamos mal da casta política. Consideramo-la desprezível, um ninho de ladrons, mas continuamos maioritariamente a sustentá-la.

Estreitos laços entre política, negócios e aparelhos de Estado

As mais destacadas e mediáticas operaçons contra a corrupçom desenvolvidas em diversos pontos da geografia nacional constatam outra evidência. Os vínculos entre políticos, empresários, magistrados e comandos das forças policiais.

Nos sumários da Operaçom Carioca, que desmantelou umha das inumeráveis redes de prostituiçom, narcotráfico e outros negócios ilícitos em Lugo, e posteriormente no da Operaçom Campeom que desmantelou também em Lugo umha rede política-empresarial que traficava com ajudas e subsídios públicos, estám envolvidos guardas civis, polícias, dirigentes políticos dos partidos do regime com representaçom institucional, empresários e mesmo está imputado Jesus Otero -recentemente demitido como Subdelegado do Governo espanhol em Lugo, por mediar na expulsom de umha prostituta brasileira e por retirar multas de tráfico em troca de dinheiro e favores.

Para nom falarmos dos também demitidos deputados do PP e BNG, ou das relaçons com boa parte de todo este pessoal por parte de Pepe Blanco, Vicepresidente em funçons do governo espanhol.

Em definitivo, a gente "de ordem" desta apodrecida estrutura social carregada de cinismo e hipocrisia.

Um centro social para delinquir

Jorge Dorribo -até há uns meses empresário na moda na cidade das muralhas, montou em 2007 um elegante espaço para delinquir. Dotado das comodidades e os luxos de que carecem as estaçons de serviço, longe de olhadas curiosas, o proprietário de Nupel, abriu um exclusivo restaurante de nome Tempo, que contava com umha sociedade gastronómica chamada "Acción y clase".

Ao longo de anos, dúzias de pró-homens "referenciais" no meios de (des)informaçom que intoxicam e criminalizam a honesta Galiza combatente, mas que ocultam a corrupçom generalizada, comiam, bebiam, fumavam e fechavam acordos para incrementarem as suas avultadas propriedades, para posteriormente se deslocarem a conhecidos prostíbulos.

Tal como a própria imprensa do regime divulgou como estratégia para tentar recuperar a confiança no sistema, a este local tam chique acudiam magistrados da Audiência Provincial, cargos da Confederaçom Hidrográfica do Minho, diretivos da CEL (Confederaçom de Empresários de Lugo), advogados, políticos, chefes policiais... e todos aqueles que detinham algum poder ou desejavam vir a detê-lo.

Nom nos referimos, pois, a individuos isolados, a ovelhas negras, a ambiciosos empresários e políticos carentes de escrúpulos e guiados por umha degeneraçom da regra de ouro do modo de produçom capitalista, falamos da nata dos que decidem sobre as nossas vidas, condenando-nos a um futuro de mais miséria e dominaçom.

"Acción y clase" sim é um desses centros sociais em que se decidem, elaboram, planificam e executam atividades ilícitas. "Accion y clase" sim é um desses centros sociais que existem em muitos pontos do nosso país, protegidos polo sistema e nos quais, sob a discreçom do glamour e a ostentaçom, se explicita sem complexos a equaçom entre exploraçom sexual de mulheres, tráfico de estupefacientes, corrupçom policial e judicial, e representaçom política, todo obviamente sempre sob o guardachuva dos business.

Ao dinheiro nom lhe repugna nada disto. É o seu melhor esterco para se expandir e crescer.

Mas, do outro lado da trincheira, nom podemos nem devemos resignar-nos a seguir com estupor ou indignaçom todo isto. A classe obreira deve passar à açom. Nom pode seguir delegando nem aguardando milagres. Som horas de avançar na construçom de um projeto revolucionário com introduçom de massas. Sobram as razons! Temos classe e experiência acumulada para a açom.

Galiza, 11 de dezembro de 2011

Fonte: Primeira Linha.


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