E é verdade. Em outra manchete de página, estão as declarações de Lula instando o PCdoB e seu ministro a "resistirem", pois, "se vergarem, serão arrastados".
E a oposição de esquerda - essa esquerda que não se rendeu, nem se vendeu; que continua a defender aquilo que a fez apoiar Lula em 2002, e que se viu frustrada com sua subserviência aos segmentos hegemônicos do grande capital -; essa esquerda fica inteiramente emparedada. Fica sem ter como divulgar suas diferenças ideológicas profundas com a Velha Direita, no combate por puro preconceito - e não por divergência programática - que faz à Nova Direita (a coalizão partidária, base de sustentação parlamentar do governo Dilma na privatização dos aeroportos, nos leilões da bacia sedimentar, realizados pela Agência Nacional de Petróleo, sob a égide do PCdoB: na isenção tributária incessantemente concedida aos especuladores financeiros e às corporações multinacionais; na ausência de qualquer política agrária progressista, tendo em vista a absoluta submissão aos barões do agronegócio; e por aí vai). Essa Nova Direita termina por se transformar na Esquerda Possível, tendo em vista o horror da alternativa de oposição que a grande mídia conservadora fornece, com espaços exclusivos, a seus representantes, nas "denúncias" aos malfeitos do governo e seus aliados.
Denúncias, aliás, absolutamente falaciosas, tendo em vista nunca terem ocorrido quando o governo era o dela - não por acaso o insuspeito jornalista Elio Gaspari só se refere à entrega do patrimônio público ao capital privado, com financiamento do BNDES, na contrarreforma neoliberal do mandarinato FHC, como “privataria”.
Mas é fácil verificar que, quando há o que denunciar, o Jornal Nacional e seus concorrentes de menor audiência, se concentram em representantes simbólicos - ACM neto, e algum paspalho do PPS, entre os deputados; e o patético tucano Alvaro Dias, quando recorrem ao Senado -. Não se dá voz aos parlamentares do PSOL para que mostrem a semelhança entre as direitas - no poder, e na oposição, que só é oposição por não se locupletar na partilha do botim, ou por puro preconceito de classe.
Mas 2012 vem aí, e o horário obrigatório de TV na campanha eleitoral há de ser o espaço em que a politização da Política será retomada. Com a denúncia dos dois lados da mesma moeda, e a apresentação de uma alternativa concreta de transformação qualitativa da sociedade. Pela esquerda.