A decisão absurda causou espanto mesmo no PSE, do marionete Patxi López e imensa revolta na maioria sindical basca e na ampla maioria dos partidos bascos. Apenas os fascistas do PP e coletivos de "vítimas" aplaudiram a decisão política.
Otegi e os demais foram presos e condenados pelo terrível crime de tentar formar um partido – Bateragune – para negociar o fim do conflito basco e pôr um fim à violência tanto do Estado quanto da ETA.
Por negociar a paz, foram presos e condenados.
Não surpreenderá se, ao sair da cadeia, Otegi seja tratado pelos bascos como seu próprio Mandela, um ex-combatente injustamente condenado quando advogava pela paz e pela via pacífica para a resolução de um conflito que já dura(va) décadas.
A Espanha deu mais um golpe contra si própria, contra sua democracia cada vez mais falsa.
Enquanto milhões de espanhóis perdem seus empregos e caminham para a pobreza e tantos outros milhares se indignam e acampam em centenas de cidades, o parlamento vota proposta de mudança na constituição sem qualquer consulta popular apenas para contentar banqueiros e magnatas e aprofundar o sofrimento da população e a justiça (sic) condena aqueles que lutam pela paz e contra os abusos dos donos do poder.
A vontade da Esquerda Nacionalista – Abertzale -, no entanto, permanece inabalável. A independência se aproxima, e a caminhada será pacífica, não importando as armadilhas espanholas.
Nas palavras de Arnaldo Otegi: "Que nadie abandone este camino, porque vamos a ganar". – "Que ninguém abandone este caminho, porque vamos ganhar".
E vale recordar discurso feito em 2009 por Otegi que demonstra o caminho que vem sendo seguido pelos nacionalistas. A receita é a mesma, a vontade e determinação são as mesmas.
Nascemos para resistir, nascemos para ganhar
O Estado planteou uma estratégia refinada à partir da declaração de Lizarra-Garazi. O Estado tinha consciência de que todos os alarmes vermelhos haviam se acendido e de que havia um processo popular e democrático em Euskal Herria liderado, entre outros, pela Esquerda Abertzale que demandava um marco nacional e democrático para o país. E foram fixados dois objetivos: neutralizara Esquerda Abertzale mediante a repressão e reconduzir o Partido Nacionalista Basco até posições de pacto com o Estado, a compactuação com o Estado, a posições de se converter em uma força regionalista do Estado espanhol.
E o Estado conseguiu, de certa forma, uma coisa que desde nosso ponto de vista também temos de dizer, sem nenhum tipo de nervosismo, e sem qualquer indício de derrota: Ainda que nós tenhamos sido capazes de desgastar seus marcos, eles foram capazes de bloquear a dinâmica que permite construir um novo marco. Mas hoje, no dia de hoje, temos de dizer - aqui alto e claro - que esta é apenas uma conquista parcial, porque desde nosso ponto de vista, resta claro que continuam a existir condições objetivas e subjetivas no país para a mudança política e para a mudança social. Aqui segue existindo a maioria que quer ver respeitada sua identidade nacional, aqui segue existindo uma maioria popular que quer que se respeite o direito de decidir, aqui segue existindo uma maioria popular que quer a mudança política em termos nacionais e em termos sociais.
Hoje a Esquerda Abertzale, apesar de reconhecer que temos dificuldades objetivas, apesar de reconhecer que conseguiram bloquear em parte o processo de libertação nacional, temos de dizer alto e claro: as condições para a mudança política e social estão dadas em Euskal Herria, e queremos dizer hoje aos inquisidores do século XXI, que a Esquerda Abertzale, apesar de tudo, não nasceu neste país para resistir nem somente para responder: NASCEMOS PARA GANHAR E VAMOS GANHAR...
Devemos somar forças à esquerda do PNV. Devemos configurar um bloco histórico liderado pela Esquerda Abertzale junto com outros para levar o processo de libertação nacional até seu final. E devemos fazê-lo com calma, devemos fazê-lo com tato, porque este não vai ser um processo que vá estar livre de contradições, vocês verão, o problema das contradições é sabê-las gestionar.
Mas o processo, para seu desbloqueio, para que seja posto em marcha e para seu desenvolvimento, necessita de uma soma de forças.
E necessitamos somar forças para mudar a relação de forças com o Estado e necessitamos somar forças à esquerda do Partido Nacionalista Basco neste país. E é essa segunda tarefa a maior que tem a Esquerda Abertzale, e nós iremos começar a cumpri-la, por cima da repressão, por cima de todos os obstáculos que se ponham sobre a mesa, com paciência, sem pressa, mas dando passos efetivos para configurar um bloco histórico de trabalhadores e trabalhadoras, um bloco popular que reivindique com nitidez e claridade a independência nacional de Euskal Herria; este é nosso segundo grande desafio.
O terceiro desafio é que temos de reforçar nossa relação com a comunidade internacional. Temos dito sempre, e hoje volto a reiterar, que a resolução do conflito político se dá no contexto europeu e deve contar com o envolvimento da comunidade internacional. Esse é um trabalho que a Esquerda Abertzale tem desenvolvido durante anos, que não abandonamos e que vamos reforçar nos próximos meses para buscar a cumplicidade, o apoio e o alento da comunidade internacional para a busca de uma resolução democrática para o conflito.
E, por último, e digo por último nesta ordem, devemos jogar também a segunda parte da partida que alguns abandonaram em uma cidade centro-européia no processo anterior de negociação. E deveremos fazê-lo porque não há mais solução que a negociação, e por isso também, quando o senhor Rubalcaba nos fala de: Ou os deixa ou os deixa. Nós queremos dizer: OU NEGOCIAM OU NEGOCIAM, OU NEGOCIAM OU NEGOCIAM.
Quero que vocês saibam que o povo trabalhador basco, que a classe trabalhadora e as camadas populares deste país, nós estamos organizados para construir um processo de libertação nacional e social neste país, não se esqueçam jamais do exemplo que vocês deram e do compromisso que vocês adquiriram e do compromisso que, ademais, vocês prucraram para buscar uma solução dialogada e política ao conflito que enfrenta Euskal Herria com o Estado espanhol.
Para nós, vocês são o melhor e sempre vão ser o melhor.
Como a 30 anos aquele homem nas Nações Unidas, a Esquerda Abertzale se apresenta frente aos Estados, frente ao seu povo e frente à comunidade internacional com um ramo de oliveira nas mãos. Que nada deixe cair este ramo de oliveira!
GORA EUSKAL HERRIA ASKATUTA!