Tomamos emprestada esta sábia apotegma do erudito José Luís Pensado para trazermos à tona umha reflexom que deveria fazer toda pessoa interessada na nossa língua, nomeadamente quem dedica boa parte do tempo ao seu estudo e normalizaçom.
Nos últimos anos, o movimento em defesa do idioma tem feito campanhas para promover o ensino do português quer no ensino secundário quer nas Escolas Oficiais de Idiomas. Estas campanhas som enormemente positivas pois esgaçam velhos moldes e criam novas dinámicas que agora a língua precisa.
O espanholismo tem fomentado historicamente todo o tipo de tópicos racistas contra os distintos povos peninsulares. Assim, os tontos dos galegos, aginha começamos a sentir umha animadversom absurda contra todo o que cheirasse a português com o visto e prace do Reino de Espanha. Estes estereótipos racistas fôrom e continuam a ser utilizados polo projecto nacional espanhol para a sua consolidaçom frente aos projectos emancipadores das naçons oprimidas.
É útil rever o tratamento que a intelectualidade castelhano-espanhola deu à nossa língua ao longo dos séculos. Mal se foi apagando a memória do esplendor político-cultural do reino da Galiza a língua galego-portuguesa falada aquém Minho passou a ser considerada um bárbaro dialecto do espanhol ou, no melhor dos casos, um espanhol antigo, nom evolucionado, devido ao isolamento geográfico das suas falas, como defendeu o jesuíta Esteban de Terreros y Pando no limiar do seu dicionário castelám de meados do século XVIII. Quando no século XIX se inicia o Ressurdimento e é aberta a boceta de Pandora da identidade galega trava-se umha forte batalha polo reconhecimento do galego como um idioma diferente ao castelám. No século XX, os grandes filólogos espanhóis, de Menéndez Pidal a Dámaso Alonso, adscrevêrom as falas galegas ao ámbito lusófono como exigia a moderna ciência filológica. Porém, perante a possibilidade de o galego obter certo reconhecimento social, dada a sua posiçom privilegiada em relaçom ao resto das línguas minorizadas polo espanhol, o Estado decide pôr o mundo às avessas e, como se de um mero ovo se tratasse, escachar a unidade lingüística do galego e do português. Com certeza, isto resultou bem singelo à Coroa espanhola, a qual levava séculos a construir muros entre galegos e portugueses.
Estes preconceitos, por vezes convertidos em estúpida carragem, manifestam-se também hoje em honestos defensores do idioma que nom vem com bons olhos a recuperaçom da nossa grafia histórica por a considerarem umha simples estrangeirice, quando na verdade a língua e culturas portuguesas estám alicerçadas na identidade criada polo povo galego. Nesta altura, a batalha dialéctica nom é outra que afirmar que galego e português som dous nomes dados ao mesmo idioma como os utilizados para designar a língua da meseta: castelhano e espanhol.
Assim, a nossa enfraquecida comunidade lingüística tem a possibilidade de ser fortalecida graças à vitalidade e o prestígio da língua portuguesa no mundo, língua que nom é outra que a galega por muito que o projecto nacional espanhol se esforce em negar.
Eis a importáncia destas e outras iniciativas como a possibilidade de recebermos o sinal em aberto de rádios e televisons portuguesas na Galiza.