A coluna semanal de Ricardo Noblat explicita um novo componente fulminante contra o governador Cabral (filho). Para além da pesada denúncia de fatos que invocam até improbidade administrativa, o fundamental é saber quem forneceu a informação sobre esse até então oculto vôo da patota Cavendish-Cabral-Ancelma, sob auspícios do mega-bilionário de fortuna misteriosa, Eike Batista, com tantos detalhes e precisões.
Deve estar tudo muito bem documentado, porque Noblat não correria o risco de noticiar, nem o Globo de publicar (tendo em vista os gigantescos interesses financeiros com a publicidade farta do governo do Estado), uma tão acintosa prática de conluio entre o público e o privado, a não ser que estivéssemos diante de algo semelhante ao que ocorreu com Collor. Cabral estaria sendo fulminado pelos seus. Por aqueles que, direta ou indiretamente, e até por razões familiares, criaram motivo para ódios pessoais. Guerra de clãs poderosas.
O final é imprevisível, tal o controle que Cabral exerce sobre a Alerj, que para sorte dele entra em recesso nesta semana.
Mas como se comportará o Ministério Público Estadual,diante desse novo cacho de informações importantíssimas, no desdobramento de investigações oficiais já em curso? Vai fazer de conta que não tomou conhecimento da coluna de Noblat? Vai subestimar a informação comprobatória de que as promíscuas relações entre Cabral e os maganos que mamam na teta da Viúva não foram um episódio isolado, nesta última trágica viagem à Bahia, mas são prática rotineira, de longa data?
E a presidente Dilma, que se vê pressionada a desmontar esquema PRóximo do mafioso em seu Ministério de Transportes, como vai encaminhar a relação íntima e privilegiada que mantém com Cabral, na relação anormal a que se determinou com o PMDB da boquinha? Vai esperar uma tomada de posição de Lula? E o PT, por sua parte ainda sadia, aquela da militância que não participa da "boquinha", como vai reagir? Vai continuar aferrado ao apoio envergonhado a essa "santa aliança" que só garante uma governança bandida? Ou vai tensionar sua direção cooptada, acomodada, a levar em conta um compromisso digno com o passado da legenda?
Fundamental é que todos considerem o citado no primeiro parágrafo. O inimigo de Cabral que municiou Noblat não é fichinha. Não é irrelevante. Deve ser membro proeminente da classe dominante, com razões pessoais, a partir do corrido na queda do helicóptero por ocasião da celebração de Cavendish em Porto Seguro, para não recolher seu armamento. Não deve parar enquanto não obtiver o efeito final que busca com a denúncia.
O inferno astral de Cabral vai gerar labaredas que podem se transformar na principal arma de vingança indireta das arbitrariedades cometidas contra os bombeiros do Rio. E eles não vão, certamente, apaga-las.