O partido queria mais votos e teve-os. O Rui Tavares queria protagonismo e reconhecimento e teve-o. Essas dívidas estão saldadas. Não me parece, pois, extraordinário que esta personagem não tenha tido a dignidade de abandonar o Parlamento Europeu.
O "anarquista" Rui Tavares, que diz que em Portugal "não há esquerda", fez o que se esperava. Arranjou um pretexto mal amanhado, uma historieta sem grande fundamento, para abandonar o grupo do BE e o GUE/NGL. Pôs os patins à "esquerda de confiança" e foi para onde certamente se sente melhor. Juntou-se ao grupo dos Verdes. O grupo que apoia as intervenções militares da NATO, o Tratado de Lisboa, a Estratégia UE 2020, o aprofundamento do Mercado Único, o livre comércio, o anti-comunismo, etc.
O que me choca é o absoluto desprezo pelos eleitores. Estou de acordo, no geral, com gente do BE que diz que os mandatos são dos partidos e não dos eleitos. As pessoas votam em listas e em programas. Aconteceu com José Sá Fernandes e voltou a acontecer com Rui Tavares. Será que também se vai candidatar como independente nas listas do PS, nas próximas eleições europeias?