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Bruno Carvalho

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Contra-ataque

De Vichy para a Lapa, a resistência é o caminho!

Bruno Carvalho - Publicado: Quarta, 08 Junho 2011 11:18

Bruno Carvalho

Tenho lido o que por aí se escreve sobre os resultados eleitorais. Escandaliza-me que haja gente que se diz de esquerda e que considere que estes são os resultados mais legítimos de sempre, uma vez que, segundo dizem, Passos Coelho deixou bem claro o caminho a percorrer.


Como se o PS, PSD e CDS não tivessem escondido boa parte do acordo com a troika só hoje divulgado pelo Ministério das Finanças. Estas eleições foram, como todas as outras, marcadas pela predominância, na comunicação social, dos partidos que nos governam há três décadas e meia. Salvo raras excepções, a maioria da opinião produzida pela imprensa chantageou a população com o fantasma do que poderia acontecer se não se aprovassem as orientações do FMI, BCE e UE. No meio disto tudo, quase metade do povo português abdicou de participar no acto eleitoral. Mas alguém acredita mesmo que a maioria dos votantes portugueses apoiaria os partidos do sistema se estes revelassem as suas verdadeiras intenções? Alguém acredita que os resultados não seriam outros se as televisões, jornais e rádios não criassem constantemente um clima de medo sobre o futuro do país sem o PS, PSD e CDS e dessem igual voz às propostas de esquerda?

Foi um resultado terrível? Claro que foi. Mas alguém tinha dúvidas que neste sistema podre em que vivemos ia ganhar a direita? Afinal, não somos governados por ela há 35 anos? A única dúvida que havia antes do processo eleitoral era com que direita é que o CDS ia governar. O PSD foi o mais votado e será ele a liderar o governo. No essencial, estou de acordo com a opinião do Oscar Mascarenhas. Este será um governo colaboracionista. De Vichy para a Lapa*, há um intervalo de mais de meio século. Mas meio século depois, com ou sem maquis, temos a responsabilidade de nos organizarmos e de vencer.

Havia e há quem escarneça dos que falam na pátria. Quando o PCP afirmou a consigna "patriota e de esquerda", houve um coro de indignados. São os mesmos que conseguem defender as lutas dos povos contra a ocupação imperialista e as lutas contra a dominação do FMI mas que não conseguem formular o mesmo tipo de solidariedade com o seu próprio povo. É por isso que hoje, talvez mais do que nunca, tenhamos que defender a soberania nacional a partir de uma perspectiva de esquerda. Este país só terá futuro se estiver nas mãos dos que o constroem e estiver liberto das amarras da dominação económica e política de instituições como a UE, o BCE e o FMI. Sem independência não há socialismo e sem socialismo não há independência.

*Lapa é a Freguesia onde está situada a sede do PSD


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