Aqui, efectivamente, falamos de termos mínimos que mais não são do que a velha e gasta ideia do capitalismo de rosto humano. Não pode, pois, haver traição senão para aqueles que sendo uma minoria defendiam - e justamente - a politização de classe do movimento
É certo que não deixa de ser curioso que a alguns portugueses Madrid apareça como um exemplo quando Lisboa consegue ter mais conteúdo. Mas ainda ninguém percebeu que a força de Madrid é a mesma força da Geração à Rasca. Foram as televisões, os jornais e as rádios que construíram o caudal que encheu a Avenida da Liberdade e as Portas do Sol. Sem essa força, a acampada de Lisboa não tem conseguido crescer para além de um grupo de gente que, de certa forma, sempre fez política.
Há quem veja a acampada como um fim e há quem a veja como um meio. Mas os que a vêem como uma ferramenta não a conseguem pôr em marcha. Enquanto se pensar na acampada como uma espécie de socialismo utópico, tipo Fourier, sectário e fechado ao exterior, será impossível que, sem o apoio da comunicação social, o movimento consiga crescer e fazer tremer o capital. E repito que qualquer transformação social terá que estar ancorada no movimento sindical e nos partidos dos trabalhadores.
Proposta mínima de consenso de Madrid:
1. Reforma eleitoral direccionada para uma democracia mais representativa e de proporcionalidade real e com o objectivo adicional de desenvolver mecanismos efectivos de participação cidadã.
2. Luta contra a corrupção mediante normas orientadas para uma total transparência política.
3. Separação efectiva dos poderes públicos.
4. Criação de mecanismos de controlo cidadão para a exigência efectiva de responsabilidade política.